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sexta-feira, 26 abril, 2024
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Diário de NY

Timing is everything, uma expressão em inglês que quer dizer mais ou menos ‘hora certa, lugar certo’.

Toda empolgação com o Quiksilver Pro de Nova Iorque foi pelo ralo quando, semana passada, os top 34 encararam ondas de sonho e pesadelo no Tahiti.
Claro que temos uma fortuna em jogo, mas cá entre nós, a maioria ali está muito mais preocupada com os pontos do que com a grana.
Vejamos C.J. Hobgood, campeão mundial de 2001, prestes a ser ejaculado do circuito que ele ajudou a legitimar.
Acham que ele liga pro prêmio?
Ou Adriano, mesmo vindo duma origem modesta, com uma oportunidade de ouro de voltar pra disputa ao título de 2011? Dinheiro fica em segundo plano.
Josh Kerr é outra história, passa pelo melhor momento da carreira, finalmente suprindo a expectativa que a imprensa e seus vídeos antecipavam.
Na primeira fase, o único desempenho digno do WT foi do Josh Kerr, convenhamos.
Não me levem a mal, foi ótimo ver todos brasileiros, exceto Mineiro num acidente de percurso, dominarem suas baterias na primeira fase, mas depois daqueles tubos enormes e medonhos, o mínimo que o fã quer ver é seu surfista preferido arriscando manobras loucas em três pés de onda.

Algumas disputas envolviam mais do que o olho podia ver. Um jornalista mais preocupado em impressionar o leitor escreveria que carreiras estavam em jogo – e ao dizer isso numa cidade como Nova Iorque, o duplo sentido é inevitável.
Ver Kieren Perrow com aquele surfezinho burocrático dos anos 80 vencer o caranguejo Cory Lopez, acabando com suas chances de requalificação, foi uma lástima pra quem leva o WT a sério.
Ou testemunhar o provável adeus do Taylor Knox diante do Brett Simpsom, a antítese de tudo que TK representa, o peso da borda versus o surfe espoleta.

A cena do dia e de todo evento até agora foi a entrevista do Bobby Martinez após a bateria.
Nessa altura, todos já estão por dentro da briga que Martinez comprou com a ASP desde o ano passado, quando o chicano não foi capaz de compreender o novo sistema de pontos e ranking unificado da ASP.
Martinez nunca foi notório pela sua inteligência, mas sua honestidade e franqueza eram suficientes para fazer das suas entrevistas uma das coisas mais interessantes do circuito.
Como em Bell’s, quando, mesmo depois de vencer Taj em ondas sensacionais em Winkipop, disse que não era burro e sabia que a nota do Taj tinha sido exagerada – Eu sou surfista, um surfista sabe…disse Bobby no final da entrevista.
Desta vez, até os paralelepípedos sabiam que viria fogo da boca do californiano, era uma questão de bom senso.
Vejamos, Bobby Martinez comunica que o Quik Pro de Nova Iorque será seu útimo evento e que vai abandonar o circuito mundial.
No seu twitter (http://twitter.com/#!/Bobby805) Bobby disparava sem pena uma bomba atrás da outra e estava na cara que o vinha mais pela frente.
Depois de amassar Bede Durbidge, Bobby saiu d’água e foi devolver sua camiseta.
Todd Kline conhece Bobby de outros carnavais, competiu com ele várias vezes e já o entrevistou outras tantas, foi muito inocente de levantar a bola pro careca cortar.
A entrevista seguiu assim,

Todd Kline – "Bobby, você não compete desde o Brasil, perdeu dois eventos… o que traz você a Nova Iorque?"

Bobby – "Ah… bem, primeiro eu quero dizer que a ASP vai me multar, não quero fazer parte dessa P@#% de lixo que queria ser ATP. Todos esses surfistas profissionais que gostariam de ser tenistas…Eles querem o corte no meio do ano. Como alguém que não está nem competindo contra surfistas do nosso calibre pode estar acima de nós na P@#% do raking unificado? Eles nunca estiveram aqui. Eles nunca mereceram a P@#% do direito de surfar contra a gente. Dá um tempo! P@#%!!! Eu é que não vou mais pra esses campeonatos de M@$#. Este é o meu ultimo. Eu não gosto de tenis. Eu não gosto desse circuito confuso.
Muitos surfistas!
Quem se preocupa?"

[Para assistir na integra a entrevista, clique aqui]

Graças a suas gentis palavras, Bobby, que enfrentaria Kelly Slater na terceira fase, foi desclassificado pela ASP e poderá ser banido da associação quando seu caso for analisado no final do ano.
Uma pena pro esporte, que perde um dos seus únicos surfistas com um pouco de espontaneidade – e para Bobby, que vinha renascendo como surfista justamente pela sua indignação.
Logo quando estávamos todos começando a gostar do cara…

Quiksilver Pro New York, primeiro dia – melhores momentos

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