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sexta-feira, 22 março, 2024
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POTE DE OURO

Por Alex Guaraná ADRIANO DE SOUZA Um “veterano” com 24 anos. Este é o nosso general no Tour. Tão novo e já na sexta temporada como Top, “Mineiro” redefiniu a formação da nova geração de surfistas profissionais no país. Sua seriedade, integração com o mundo e esforço para evoluir mudaram aqueles dogmas de que apenas talento bastaria para se dar bem. Vindo de família pobre, este paulista do Guarujá batalhou e foi imensamente ajudado pelo seu manager, que lhe abriu as portas do planeta. Buscou o melhor equipamento, insistiu em surfar a perfeição e não esbraveja, apenas trabalha. Entre os 10 melhores do ranking nos três últimos anos, ele já não é uma promessa, e sim um cara a ser respeitado. Dos brazucas que estão na corrida pelo título, seria a melhor opção de aposta, mas lhe falta aquela manobra fatal, aquela que os gênios acertam na hora em que o bicho pega. Seu surf perdeu um pouco de criatividade, mas ganhou em força e linha. É um dos melhores tuberiders de backside no Circuito, mas por incrível que pareça não é tão bom nos canudos de frontside. Alterna táticas perfeitas com erros bobos, mas que são na verdade decisões equivocadas de quem mesmo já sabendo bastante, ainda vai aprender muito. Mineirinho deve ser o melhor brasileiro entre todos que já disputaram o WT, mas não por ser vice ou terceiro ocasionalmente, e sim por se manter entre os grandes. Ambicioso como é, certamente vai querer repetir a dose, o que é na verdade o segredo para chegar ao tesouro. Para quem quer ser o rei, não adiantam migalhas, apenas o prato principal. ALEJO MUNIZ Ele é um dos orgulhos do atual surf brazuca e pasme, é natural da Argentina. Que ironia! Pois Alejo Muniz se mudou ainda bem jovem com os pais e o irmão Santiago para Bombinhas, litoral catarinense, onde aos poucos foi tornando-se um apaixonado pelas ondas. Com 21 anos, ele já vem sendo preparado desde os 12 para brilhar. Dono de uma linha de surf sólida, onde suas fortes viradas em direção ao lip agradam aos juízes, teve uma carreira bastante vitoriosa entre os amadores, sagrando-se campeão mundial das categorias sub-16 em 2004  e Junior em 2008. Venceu uma etapa do WQS em Portugal em 2009 e com muito planejamento e competividade conseguiu a vaga para debutar entre os melhores do mundo ano passado. Começou esta temporada vencendo o Hang Loose Pro Contest em Fernando de Noronha e acumulou pontos preciosos na disputa para se manter entre os 32 atletas que permanecerão no WT após a 6ª etapa, que acontecerá em New York. Alejo também surpreendeu chegando em 5º lugar no Quiksilver Pro, etapa de abertura do Tour realizada nas fantásticas ondas de Snapper Rocks, na Austrália, derrotando monstros como Joel Parkinson e Taj Burrow. O moleque parecia um robô destruidor tal a forma automática com que agrediu o lip. A falta de experiência não foi empecilho na sua estréia, mas quando o Circuito chegar no Tahiti e África do Sul, em ondas dificílimas, veremos se Alejo está no caminho certo. Neste meio tempo acontece a etapa brasileira no Rio de Janeiro, onde é esperada uma ótima atuação dele, principalmente por conta das ondas de beachbreak do Meio da Barra. Será testado realmente quando tiver que mostrar o faro para tubos, que no Tour valem notas bem altas, principalmente se as ondas estiveram acima dos 6 pés. HEITOR ALVES O cearense radicado no Rio de Janeiro tem tudo para sobressair-se na elite. Surfa fácil, tem estilo, é agressivo, moderno, bom tuberider… O que falta então para manter a regularidade? Talvez a segurança necessária para acreditar em si próprio. Heitor chama a atenção por onde surfa, pois nasceu para isso. Falta-lhe porém aquele olhar de vencedor. Humilde, tem que aumentar sua ambição e colocar na cabeça que não deve nada a ninguém. Aos 29 anos, tem sua segunda chance no WT, depois de conseguir entrar em 2008 e se manter por um ano. Uma série de maus resultados em 2009 o tiraram dos Top, mas quatro vitórias no WQS 2010 o garantiram novamente entre os melhores com quase quatro meses de antecedência. Experiente, Heitor tem tudo para repetir o ano que passou e dar um couro na molecada que chega. Admirado por Kelly Slater, que inclusive já disse que adoraria treiná-lo, acredito que o grande momento dele em 2011 será na etapa brazuca, em ondas que ele conhece muitíssimo bem. Seu forte são os aéreos de frontside, mas entuba com facilidade e tem um backside vertical e afiado. Excepcional nas marolas, também arrepia nas ondas médias. Creio que se conseguir um resultado realmente bom, o cara engrena e será difícil segurar. JADSON ANDRÉ Este natalense, de 21 anos, chocou a todos ao derrotar Kelly Slater ano passado em Imbituba. Tudo bem, aquelas esquerdinhas safadas eram totalmente favoráveis aos seus altos e controlados vôos, mas vencer o “monstro” numa final de etapa da elite é tarefa para poucos, muito poucos. A vitória lhe deu confiança e pontos importantes para manter-se entre os Top em seu primeiro ano. Porém colocou mais pressão em cima de bons resultados. Jadson tem muito a melhorar, principalmente de costas para a onda. Vem evoluindo a olhos vistos, mas precisa apressar-se. Suas manobras aéreas se tornaram repetitivas e estão arrancando menos notas dos juízes. Precisa parar de quicar tanto a prancha para pegar velocidade, o que só acontecerá quando tiver uma boa cota de sessões em ondas de linha, longas, potentes e perfeitas, que certamente não encontrará no Brasil. Teve uma bela performance na França, em condições pesadas, mostrando que apesar de ainda não ter encontrado um modo de surfar harmoniosamente de backside, sabe entubar fundo de grabrail. É um cara bem inteligente, o que o destoa da maioria dos Tops. Como é bem jovem, irá aperfeiçoar-se e com planejamento e apoio, que ele tem, deve trilhar uma estrada regular no Tour. RAONI MONTEIRO Brilhante ou passageiro? Esta é a grande questão quando se pensa em Raoni. Talento, tem de sobra. Preguiça, também. Este local de Saquarema, sempre foi visto como um gênio precoce. Seu surf é instigante. Dá gosto de vê-lo exibir sua linha clássica e poderosa, principalmente em ondas pesadas para a direita, como em Itaúna, seu homebreak. Em seu repertório constam todas as manobras. Desde os carves até os tubos fantásticos, para ambos os lados. O problema reside apenas em sua cabeça. Falta de concentração e acomodação são dois vírus letais no esporte. E nosso garoto não se livra disso, aliás, até se livra, mas apenas quando precisa muito. Prova disso foi a vitória no evento de seu patrocinador em Sunset (ou ali do lado), que o recolocou de volta ao seu lugar, entre os melhores. A expectativa em torno de sua reestréia no Circuito, na Austrália, já que teve sua cadeira cativa ali entre 2004 e 2007, era enorme, mas acabou jogando mais dúvidas em torno de seu retorno. Com manobras fracas, sem jogar muita água, Raoni foi uma sombra do que pode ser. A esperança é que ele ligue a luz amarela e volte a acordar, pois esta pode ser sua última chance de se tornar definitivamente um dos grandes. Acho que poucos surfistas podem dizer “só depende de mim”. Raoni com certeza é um deles. Leia a matéria na íntegra na edição de maio, que está nas bancas.

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