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quinta-feira, 28 março, 2024
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DIÁRIO DO RIO 3

Por Julio Adler Slater veio ao Rio determinado a vencer. Diferente da última etapa em Bells, o Careca surfou todos dias, antecipou-se às chamadas tanto no Arpoador quanto no Meio da Barra e, no entanto, saiu do Brasil com um décimo terceiro lugar e talvez (especulemos) menos interesse no circuito. O Billabong Rio Pro é o primeiro duma série de campeonatos que voltam para o conceito criado nos anos 80 de enfiar a surfistada num beach break qualquer com boa fama e entupir a praia com potenciais consumidores para bater as metas de cada filial em determinadas regiões. Nova Iorque e São Francisco apontam lá na frente como enormes possibilidades de reviver os piores momentos do surfe profissional nos últimos 20 anos. A etapa brasileira nunca foi pródiga em ondas, o problema não é esse e nem é conosco. Teahupoo também fica marola e mexido, Pipe a mesma coisa, até Jeffreys, em pleno inverno, é capaz de oferecer condições ridículas, mas aquilo é a exceção. Nas praias como Vila, Barra, Ocean ou Long Beach, as chances de excelentes ondas é inversamente proporcional às de ondas ruins nos locais citados acima. Confuso? Sim, assim como o raciocínio da ASP. Falando em sorte, ou falta dela, parece que algo acontece com os adversários do Slater quando se encontram diante da porta escancarada para a corrida ao título. Como explicar as derrotas do Fanning ou do Jordy? Raoni estava tão feliz em bater Fanning que mal pôde perceber que aquilo era apenas a terceira fase e um surfista do seu calibre não deve se contentar com menos do que quartas. Jadson perdeu para um Bourez possesso e hiper bem julgado. O peso da sua extraordinária vitória no ano passado foi finalmente sentido quando sob pressão, mas Jadson afirma-se como candidato a Top 10 em cada etapa e nas mais variadas condições. Quatro surfistas foram capazes de encontrar ritmo aqui no Rio. Parko, Mineiro, Owen e Bourez estão sobrando. Parko tem uma furiosa generosidade dos juízes, enquanto os outros três têm se desdobrado para fazer ondas normais parecer com Mundaka. Josh Kerr conseguiu finalmente acertar dois ou tres aéreos triviais (para seu próprio padrão nos filmes) e, além de despachar Jordy, destacou-se na quarta fase. Recebo uma mensagem do Renan Tommaso, entusiasta do surfe profissional e colaborador da Hardcore completamente desolado com nosso evento. Segue mensagem. [É o primeiro WT que acompanho de perto. Pensei que um possível deslumbramento com os Tops, com todo aquele oba oba de torcida, autógrafos, gatas, Rio de Janeiro, volta ao Arpoador, fosse me deixar bobo a ponto de passar batido pelos problemas e falhas da competição. Pelo contrário, foram eles que mais saltaram aos meus olhos. Juro que não queria que fosse assim. De verdade. Apesar de estar indo à praia nesses dias, ainda vejo mais tarde o “heats on demand” no computador. Hoje, não aguentei. Parei no primeiro vídeo do Round 3. Beleza, vi mais uns dois ou três só pra confirmar ou – veja você minha sincera boa vontade – ver se não estava sendo injusto. Deu a primeira opção. Que ‘catzo’ esses juízes estão fazendo? Nunca vi tantas pontuações estapafúrdias, contraditórias e inexplicáveis. Em ondas caidaças, sobretudo prum WT, ora com tamanho, só que mexidas e fechando, ora lisas, porém pequenas, curtas e escassas (em todos os 3 dias de campeonato, nos dois picos escolhidos. Não importa se outros campeonatos também já ocorreram em mares tão ruins ou piores), com surfistas fazendo nada além do trivial e levando 9.0, 8.5, 7 e blau, quando mereceriam 5 ou 6 e uns quebrados, até menos, como você bem disse num dos seus textos. Um exemplo. Só um: veja o vídeo da bateria do Taj contra o Cory Lopez, a tal que citei acima, primeira do round 3. Me explica aquele 7. 83 pro Taj. Aproveita e me fala por que uma onda do Cory com tubo, uma rasgadinha e uma batida na junção (nada demais, só que pela caneta solta, melhor, frouxa dos juízes, podia ganhar mais) levou só 5 e pouco?] Sejamos exigentes e criteriosos. Um retrocesso, em todos os sentidos: ondas, organização, julgamento e surfe, está acontecendo na nossa cara e não podemos ficar quietos. Tirando umas gostosas, estou irreversivelmente decepcionado com tudo que vi nesse Billabong Pro Rio. Dane-se amanhã se a Barra amanhecer com altas ondas, os caras quebrarem e os juízes tiverem alguma seriedade ou, no mínimo, óculos decentes. A merda, pra mim, já tá feita.] Olha Renan, seu desapontamento é proporcional à sua expectativa. Estavamos todos ansiosos pela volta do WT ao Rio, a época do ano é a melhor possível e lidamos com a imprevisibilidade da natureza. É natural que haja alguma frustração. Pergunte aos meninos na praia se eles estão minimamente preocupados com julgamento ou qualidade das ondas… O sucesso do evento é uma questão de ponto de vista. Para ler os outros Diários do Rio acesse: Diário do Rio 2 Diário do Rio 1

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