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sexta-feira, 26 julho, 2024
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PRIMEIRO AS DAMAS

Por Manoela D`Almeida Antes de tudo gostaria de dizer que é uma honra enorme fazer parte do time da HARDCORE. Estou muito feliz em ser responsável por um espaço dedicado especialmente às mulheres na revista. A idéia da coluna Ladies First é trazer um pouco mais do universo feminino, e apesar de também abordar as competições, o intuito é transcender o mundo do “surf competição”. Vamos falar de lifestyle, moda, arte, fotografia – sempre valorizando o estilo e a atitude das watergirls. Algo bem atrativo aos homens também, não é verdade? Para quem não me conhece, sou fotógrafa e jornalista, gaúcha de 26 anos. Atualmente dedico meu tempo à fotografia de moda e publicidade e equilibro minha rotina entre o trabalho em estúdio em Porto Alegre e as viagens de surf pelo mundo. Sou apaixonada por surf e desde a descoberta do esporte, aos 12 anos de idade, sempre soube que este teria um papel forte na minha vida. Quando me tornei fotógrafa, no mesmo instante, busquei unir estas duas paixões. Na época uma surfista e fotógrafa acabou servindo como grande fonte de inspiração para mim, a também gaúcha Roberta Borges. Desde então, conheci muitas outras fotógrafas, surfistas, jornalistas e tantas outras mulheres portadoras deste espírito “go for it” (entre elas Maya Gabeira, Juliana Morais, Lucia Griggi, Kassia Meador e Bethany Hamilton) e que procuram dar o melhor de si em tudo que fazem e por isso acabam tendo destaque e reconhecimento nestas “cenas” tão dominadas por homens. Nem por isso elas deixaram de ser femininas. Então Ladies First foi criada para homenagear e dar espaço a estas mulheres. Nesta primeira coluna vou falar de uma fotógrafa que também teve sua vida transformada quando conheceu o surf, a americana Tracy Kraft Leboe. Tracy foi responsável pela foto de capa da HARDCORE de março, na verdade a primeira capa da revista feita por uma mulher.  Ela clicou Danilo Couto dropando Jaws na remada, em um dos momentos mais históricos para o big surf brasileiro ocorrido na ilha em que vive, Maui. Há doze anos Tracy resolveu deixar a fria cidade natal localizada em North Dakota, EUA, pelo calor de Maui, no arquipélago havaiano. E justamente, neste momento, nascia uma fotógrafa: “Sou muito grata à beleza do Hawaii. Foi ela que abriu os meus olhos e me tornou fotógrafa.” Tracy começou sua carreira fotografando kitesurf, na verdade foi uma das primeiras, se não a primeira mulher, a clicar ação dentro d’água. Ela já fez capas incríveis para as principais publicações do esporte no mundo, como Kiteboarding, Kite World e Kiteboard, entre outras. A ilha de Maui é conhecida ela força e qualidade do vento, por isso, foi o cenário perfeito para Tracy trabalhar. Ela também marca ponto quando Jaws resolve mostrar às caras, muitas vezes fotografando a bordo de um barco no canal ou até mesmo de helicóptero. Acompanhe abaixo uma pequena entrevista para conhecer mais de Tracy Kraft Leboe: Você surfa? Como descreve a sua relação com o esporte? Sim, eu surfo. Eu amo surfar, acabo surfando mais de longboard, mas ultimamente tenho surfado de pranchinha também. Eu me criei praticando esportes, mais a maioria dos esportes eram indoor, pois o lugar onde vivia era muito frio. Mas fiquei viciada em surf quando comecei a morar no Hawaii. Não existe nada melhor que um bom dia dentro  d’água com os amigos: ondas “fun”, sol, água quente, céu azul, cabelo salgado e areia branca. O que você acha de ser a primeira mulher a fotografar uma capa para a revista HARDCORE? Estou muito honrada e feliz por ter tido a oportunidade, mas mais contente ainda por ter trabalhado com um surfista tão talentoso como o Danilo Couto. Parabéns a Danilo por ter desafiado Jaws na remada! Quando e como você começou a fotografar dentro d’água? Alguém te ajudou a dar os primeiros passos? Comecei a fotografar na água durante uma viagem para Namotu, Fiji em 2003. Eu tinha acabado de comprar uma caixa estanque de Stephen Whitesell de Oahu. Ele me deu algumas dicas e depois disso foi só nadar e nadar. Eu prefiro fotografar dentro        d’água a fotografar em terra. Você meio que se sente parte da ação, e precisa trabalhar duro para ter a foto. E é sempre muito divertido voltar para casa, abrir a estanque e ver o que você conseguiu fazer. É como abrir um presente de natal… Bom, às vezes a surpresa pode não ser tão boa assim! Você conhece outras mulheres que também fotografem esportes de ação? Você nota muita diferença entre o “nosso” trabalho e as fotos feitas por homens? Na verdade eu não conheço muitas mulheres que fotografem esportes de ação, mas isto pode ser pura ignorância da minha parte. Talvez eu não seja o tipo de pessoa que compara homens e mulheres. Eu aprecio o trabalho dos dois, e não comparo por causa do gênero. Eu busco fazer o que gosto, sempre tentando inovar. Mas posso afirmar existir uma enorme diferença nos ângulos de surf fotografados dentro d’água. O que os homens estão fazendo é inacreditável. Eu não tenho vontade de entrar em um mar perigoso, enorme, pois penso que não é o tipo de risco que quero correr, enfim, não está na minha lista de prioridades. Este tipo de trabalho exige muito da parte física e psicológica, então deixo isso para os homens. Mas respeito muito o risco que correm e adoro as imagens incríveis, mas não fico desapontada por não conseguir fazer o mesmo. Você já viajou o mundo fotografando. Teve algum destino mais marcante? Fale um pouco desta experiência. Em 2006 viajei para o Japão para uma kitetrip de mulheres. A gente estava no sul do Japão, na ilha de Yaeyama. Viajar para lá foi como viajar para outro mundo. A língua, a alimentação e o estilo de vida dos locais foi algo diferente de tudo que já vivi. E também ser loira, ter o bronzeado de quem vive no Hawaii, você se sente um extraterrestre perto daquelas pessoas pequenas com pele de porcelana e cabelo escuro. Os japoneses que conheci foram as pessoas mais educadas que já vi. As pessoas que moram lá possuem a maior expectativa de vida do mundo. Acho que isso já diz tudo. Foi uma grande experiência de vida. Você gosta de clicar ondas grandes? Já bateu muitas fotos em Jaws? As ondas grandes sempre trazem uma emoção enorme, tanto para quem está dentro como fora d’água. Normalmente eu fotografo Jaws quando a onda funciona. Nesta temporada tivemos uns quatro dias bons em Peahi, mas as sessões foram únicas, pois vieram grupos que surfaram na remada. Nunca foi visto tantos surfistas encarando na remada quanto nesta temporada. Costumo fotografar de diversos ângulos do cliff, de helicóptero ou de barco do canal. E para finalizar, algum projeto especial para o futuro? Nenhum plano específico, apenas penso em aproveitar a vida ao máximo, pretendo continuar me desafiando no trabalho, sempre buscando aumentar o nível. Quero continuar feliz no meu casamento e enquanto estivermos felizes e com saúde, a vida é boa!

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