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sexta-feira, 19 abril, 2024
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Diário dos Sinos 2

Apesar da quantidade enorme de talento da nova geração australiana e da reputação dos havaianos, Michael Peterson é o homem a ser batido. MP chega em cima da hora, faz seu surfe selvagem e arrasta pela segunda vez o Sino, leva Aus$ 1.500.00 pra casa e some numa nuvem de fumaça. A lenda cresce. 2011, 21 de abril, estacionamos o carro ainda à noite, Fanning está no carro ao lado, o mesmo da propaganda da Ford no webcast. De repente dá um pulo pra fora, já vestido de roupa de borracha, pega sua prancha, cumprimenta JP e corre alucinadamente ladeira abaixo em direção a Bells – Kai Otton o segue gritando de excitação. O mar tem 6 pés sólidos de onda, presente do Rei Netuno pro aniversário de 50 anos do Rip Curl Pro Bells Easter Classic. As mãos gelam de frio, não há nada que possamos fazer a não ser mantê-las nos bolsos. Potter tem luvas, experiência conta sempre, mesmo nos ridículos detalhes. Damien Hardman parece feliz. Nunca via Dooma feliz logo pela manhã, a felicidade dele vem sempre acompanhada de quantidades absurdas de álcool e bem mais tarde no dia, fora do ambiente de campeonato. Todos estão felizes, hoje é dia de surfe. Todos menos um, Bobby Martinez, a bola da vez. Bobby declarou guerra a ASP no seu twitter e isso aparentemente tem tido péssimo efeito na sua carreira. Com o novo ranking unificado e seus melhores resultados de 2010 com prazos vencidos, Bobby está em 66º precisando deseperadamente de finais e semifinais em WT’s e Primes até a data do corte no meio do ano. Bobby será enforcado caso não faça milagres. Logo após um início sonolento em Bells com as meninas (destaque pros dois tubos da Melanie Bartels, mas, fosse Jordy ou Robo…ai, ai, ai…) Hardman decidiu mandar os homens pra competir em Winkipop com a maré vazia. Winki é a segunda opção mais desejada do Tour. Logo a esquerda da mítica onda de Bells, menos de 150 metros, tem uma bancada menos acidentada que Bells e paredes que te induzem a fantasiar sobre as imensas possibilidades que você teria ali surfando sozinho com sua monoquilha 7’4’’, trquilha 5’11’’ ou quad 5’6’’ – esse tipo de onda. Jordy e Robo foram as cobaias na primeira bateria e Jordy Bruh, destruiu. A bateria foi daquelas de perder o fôlego comentando. De repente, as ondas já não pareciam mais 6 pés sólidos, mas 8 pés ocasionais e Jordy e Adam trocavam rasgadas e tubos como dois lutadores de boxe numa luta franca e aberta. Jordy prevaleceu e saiu radiante da água. Owen versus Medina na segunda e Owen resolveu usar uma prancha zerinho naquelas condições, loucura, pensaria um desavisado. Seguiu-se ali uma verdadeira chacina. Não é que Owen atacava as ondas em Winki em ângulos só sonhados por ogros como Occy ou Lynch, o jovem goofy estava possesso! Medina nunca ofereceu qualquer resistência e um alerta soou na cabeça dos brasileiros que torcem pra ver o garoto entre os Top 34 rapidamente. Gabriel precisa aprender a surfar ondas dessa qualidade se quiser mesmo tornar-se um grande surfista, não apenas um grande competidor. Diante dos espaços e ângulos desenhados por seu companheiro de equipe na bateria, Medina pareceu completamente irrelevante. Com apenas 16 anos e uma longa estrada pela frente, há muito o que fazer, muito o que melhorar, principalmente pra direita, acima dos 6 pés. A terceira bateria foi de vida ou morte – Taj x Bobby. Para Taj, permanecer no evento era contunuar aceso na briga pelo título de 2011 e para Bobby… Bem, você leu lá em cima. El Chicano estava com sangue nos olhos, surfando como nunca o vi surfar antes, com vontade de agredir e atacar sem dó nem piedade. Taj surfava bem, mas não deve ter entendido a importância que tinha essa disputa até sair d’agua derrotado e desolado. Nas entrevista após a bateria, Bobby tinha cara de poucos amigos, foi duma honestidade brutal, Eu conheço surfe, cara… Eu sou surfista, cara… Sei que aquele 7 do Taj não era um 7… eu não sou bobo E ao responder sobre os duelos de goofys contra regulars, Curren x Occy, Bobby mandou, Não quero saber disso! Eu não sou o Occy e Taj definitavemente não é nenhum Curren. Clássico! Josh Kerr teve a oportunidade de dar o troco ao Ace Buchan (grande amigo do Steven Allain, diretor editorial da Hardcore) e fez a bateria da sua vida. Apesar de declaradamente não gostar do jeito que Kerr surfa, reconheço que sua leitura de onda contra Ace foi algo de extraordinário, principalmente pelos tubos que pegou. A grande decepção para a nação brasileira que acompanhava as baterias nessa noite foi o desastrado resultado da bateria entre Raoni e Damien Hobgood. Não resta menor sombra de dúvida que Raoni deveria ter vencido a disputa e podemos apenas especular o que passa na cabeça dos juízes quando interpretam que na última troca de ondas a diferença foi de apenas um ponto. Renato Hickel, que narrava a bateria ao vivo junto desse escriba, reconheceu de imediato que as ondas deveriam ter pelo menos dois pontos de  distância. Não acho que trata-se de um complô contra brasileiros, nem maldade por parte da ASP, esse tipo de erro é recorrente e apatrida. Americanos e australianos perdem dessa mesma forma injusta. Disputas esportivas são injustas. A vida é tantas vezes injusta. Jadson chegou novamente a terceira fase e se estabelece nos Top 16 se passar mais uma. Saca teve uma bateria nervosa contra Taylor Knox e continua a excelente campanha nesse início do circuito. Julian continua prometendo e não cumprindo. Essa sexta promete. Onda do Dia – Sequência brutal de batidas de backside do Owen Wright na sua quarta onda. RIP CURL PRO AT BELLS BEACH – Round 2 Melhores Momentos

Para ler a análise de Julio Adler sobre os dias anteriores em Bells: Diário dos Sinos 1

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