RESENHA INNERSECTION

Por Julio Adler O tempo é implacável. Taylor Steele já foi o salvador do vídeo de surf, quando surgiu em 1992 com uma linguagem nova, melhorando a fórmula criada pelo hoje esquecido Paul Sargeant nos seus impagáveis Scrapbooks. Repetiu a mesma coisa durante mais de 15 anos com poucas variações até se aventurar pela película e deixar a camerazinha de vídeo de lado. O resultado era, e ainda é, quase sempre certeiro, filmes chatíssimos e pretensiosos. Foi quando surgiu a maquiavélica ideia do Innersection. Morando em Bali e percebendo que cada dia feliz no paraíso era um dia mais distante dos meninos prodígios dos vídeos de surf, Steele criou uma plataforma perfeitamente sintonizada com a turma que faz e assiste vídeos online, e passou a bola pra eles. A fórmula criada para integração de quem faz com quem vê tirava da frente a responsabilidade de escolher o melhor e o pior, desta vez era a própria audiência que debatia e votava nos seus prediletos. 25 perfis foram escolhidos e resultou num vídeo longo e repetitivo demais pra proposta inicial. Para nós, brasileiros, a parte do Marco Giorgi é motivo de orgulho. O videomaker Loic Wirth teve o bom senso que faltou a muitos outros e editou a parte do Marco com cerimônia, deixando-a curta e impactante. Do resto, salvam-se Ozzie Wright, Matt Meola, Peter Devries, Gabriel Villarán e Brent Dorrington, uns pela criatividade, outros por saber usar o tempo. O liquidificador de diretores acaba jogando contra o conceito que parecia tão divertido no começo. O DVD é uma coleção de vídeos do youtube com qualidade HD, mas nada que justifique muito o investimento. Pior ainda é o fato da votação final, para o grande prêmio, ser exclusiva apenas para quem compra o DVD, uma contradição com o conceito de interação original. Quando lança o produto, Steele pede a participação em massa de todos e na hora mais importante exige que todos comprem para poder eleger o grande campeão do concurso. O que isso importa no resultado do vídeo? Nada.