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Direita ritmada

Por Matias Lovro Passar pela baía de Waimea é virar o lado de um disco. Você já ouviu as faixas que todos conhecem – Pipe, Sunset. Passou por Rockpiles, o hit da temporada. Agora é hora de conhecer novas ondas. Aquelas com que só os verdadeiros fãs são familiares. Quem já esteve no Hawaii e viu o show ao vivo. Já dirigir pela costa entre a baía do lendário campeonato Eddie Aikau e a cidadezinha de Haleiwa é ouvir o álbum novo pela primeira vez. Uma faixa – onda – se mistura com a outra conforme o asfalto corre por baixo do carro. Todas são parecidas. Leftovers, Jocko’s, Chun’s Reef, qual a diferença? Mas conforme você ouve cada uma delas com calma, nomes se associam a paisagens. Às características de cada onda. Ao point de direita ou àquela esquerda quebrando atrás das árvores. Depois de se conhecer o álbum, cada música adquire características distintas, inconfundíveis. Como é possível achá-las parecidas? Há duas semanas, você achava. Há sempre uma música que se destaca no álbum. O hit. Simplesmente não entra na bagunça dos nomes – tem sua identidade clara desde a primeira vez que é tocada. Nesta temporada, Laniakea foi esta canção. E Laniakea é um blues. De fora d’água, quem surfa a longa e distante direita parece fazê-lo em câmera lenta. A onda se arrasta sem pressa pelo reef, mas o surfista acelera para passar seções mais rápidas. Apesar do tempo da música ser devagar, as frases do solo de guitarra são rápidas. Mas se encaixam perfeitamente na estrutura do blues. A bancada de Lani’s tem suas seções quebradas, mas o ritmo é constante. Alguns dias, entretanto, o músico se inspira. O swell marcha do norte e o vento dá o toque final. Afina os instrumentos. As condições favorecem. Nesses dias, o guitarrista improvisa impecavelmente no solo. A música adquire unidade, fluidez. As seções quebram no lugar exato. Cada nota é tocada com precisão e a onda vira uma. E quando o show promete, os ingressos se esgotam. O crowd fica intenso – e seletivo. Na plateia, os verdadeiros fãs assistem. Slater, Dorian, Maya, Burle, Julian Wilson. Em uma só sessão. Assistindo ao mesmo show, surfando juntos. Durante a Tríplice Coroa Havaiana, aquelas músicas já conhecidas foram deixadas de lado pela audiência. A palavra “clássico” passou longe das descrições de Pipeline, Sunset e Haleiwa. Uma série de ondulações de norte – algo incomum nas ilhas havaianas – desviou a atenção para o outro lado do disco. Depois de Waimea. O hit do lado B? Um blues muito bem tocado nesta temporada. Laniakea http://www.youtube.com/watch?v=UqbQrCxkjrc

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