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sexta-feira, 29 março, 2024
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acontece com todo mundo

Por Luiz Michelini O wipeout está para o surf assim como a ressaca está para a bebedeira. Ou seja, inevitável. Tanto os surfistas iniciantes quanto os mais experientes estão sujeitos aos imprevistos da mãe natureza. A nós, resta saber lidar com as situações e encará-las da melhor forma para dropar a próxima da série. “Costumo me encolher um pouco para evitar uma lesão. Nos piores caldos, costumo rezar também”, brinca o carioca Felipe “Gordo” Cesarano, surfista da nova geração de big riders brasileiros e conhecido por sempre se jogar nas maiores. Gordo já protagonizou drops incríveis e também vacas memoráveis. Marcelo Baboghluian, médico especialista em medicina esportiva e membro do Instituto Mar Azul, que auxilia atletas e esportistas amadores em tratamentos e treinamentos específicos, explica que nosso organismo sofre modificações preventivas antes mesmo de entrarmos no mar. Isso acontece devido às doses de adrenalina, que aumentam a pressão cardíaca e mantêm o sangue em órgãos vitais como coração e cérebro. “A partir do momento que o surfista sente que vai cair da prancha, alguns mecanismos de proteção se apresentam. O primeiro deles é fechar a glote, ou seja, ficar em apnéia para que não haja a entrada de água pelo nariz ou pela boca”, analisa o especialista. Baboghluian ainda revela que é neste momento de wipeout que o físico e o emocional são testados ao limite. “O quanto você treinou, como foi sua noite de sono e sua alimentação são fatores que se sobressaem em situações como essa”. Além da desilusão de perder a onda, numa vaca no momento do drop ainda vem aquele chacoalhão, a lembrança de manter a calma e de poupar o ar. O big rider Carlos Burle dá as dicas para encarar este processo. “A primeira coisa que você tem que pensar é: estou com ar? Estou caindo na posição certa? A prancha está muito perto de mim? É muito raso? A onda é muito grande?”. Para surfar ondas gigantes como as de Burle, também é necessário que você tenha a consciência que poderá tomar vacas na mesma proporção (extrema). O pernambucano já dropou diversas bombas ao redor do globo, mas, entre uma onda e outra, também acumulou experiências em situações de desespero. Então, aprenda com ele. “Tem muita gente que fala que você tem que ter o máximo de ar dentro do pulmão. Eu não concordo, acho que você tem que ter 90% de ar, porque se tiver 100% você começa a fazer muita força. Aí acaba tendo que gastar mais energia para manter esse ar nos pulmões”, explica. Ele também diz que é necessário uma maior confiança em si e a ideia de que é possível segurar a bronca. Aliás, na prática (acredite), o caldo dura segundos e sintomas de afogamento e conseqüências pós-caldo só aparecem após vários minutos de submerssão. Neste sentido, Carlos Burle ainda destaca uma atitude que nem sempre ouvimos sobre os terríveis wipeouts. “É um jogo psicológico que você tem que saber jogar. Acho que é bem parecido com o ar no pulmão. Não costumo respirar todo ar possível, porque senão já começo a trabalhar contra e aí tenho que gastar mais energia para manter aquele ar”. Mas a questão principal neste jogo do caldo seria manter a calma? ”Tem gente que fala: ‘tem que relaxar embaixo d’água’. Eu não acho que é preciso relaxar, eu não sou peixe, não tenho guelra pra ficar respirando”, rebate Burle. Passada a vaca, quando está submerso, recomenda-se a atenção em outros detalhes. A estratégia do big-rider para esses momentos é tentar permanecer o mais próximo possível da superfície. Alem, é claro, de seguir sinais que o próprio mar e a prancha fornecem, como bolhas de ar e o leash ligado à prancha que já está na superfície. “Sem um ponto de referência boiando você não pode relaxar tanto assim”, avisa. Bom, agora que já sabe, na próxima vaca relaxe, mas não muito. Style Evolution: Wipeout http://www.youtube.com/watch?v=_qj_Ybf2APY

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