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quarta-feira, 27 março, 2024
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Margaret…

Haja café forte depois da meia noite.

Fico pedindo penico durante a perna australiana da WSL, uma coisa insuportável para senhores de idade como eu.

Acho que a única vez que assisti empolgado madrugada adentro foi quando meu filho nasceu e eu precisava acordar para ajudar a patroa hora sim e outra também.

Não tem Black Sabbath ou Nação Zumbi que dê jeito no sono.

O surfezinho das 3 etapas também conspirou contra.

No ano passado, mesmo na marola ficamos grudados torcendo pelo Filipe até a última gota de café frio na primeira etapa, resistimos bravamente para torcer pelo Mineiro na final de Bells e fizemos questão de levantar a bandeira da insônia quando The Box mostrou seus dentes.

Eu passaria 3 dias inteiros acordado para ver a vaca do Adam Melling ao vivo.

Dessa vez foi complicado arranjar desculpas para virar a noite vendo surfe de fundo, manobras de risco excessivamente calculado, finalizações insossas e ondas pouco empolgantes.

O melhor vídeo de toda etapa de Margaret foi filmado no dia de descanso em The Box – isso diz muito do evento.

Sebastian Zietz venceu Julian Wilson na final do evento com 9.10 e 8.30 - contra 8 e 8.67 de Julian. Foto: WSL
Sebastian Zietz venceu Julian Wilson na final do evento com 9.10 e 8.30 – contra 8 e 8.67 de Julian. Foto: WSL

El ritmo de mi gente (apresentando Seabass)

Quem gosta de apostar no Fantasy Surfer deve estar arrancando os cabelos…

Tá certo que em 1999 o Beau Emerton fez uma final (bizarra!) contra Nathan Webster, mas logo na segunda etapa a ordem foi restabelecida, Shane Dorian x Sunny num Bells bem decente.

Naquele mesmo ano, assim como em 2016, tivemos 3 etapas na Terra de Oz e em Manly, Taj Burrow fez a malinha do Kalani Robb, ou seja, nada de surpresas.

Lembram quem ficou em 3º no ranking final em 99?

Quem levantou a mão e gritou Victor Ribas ganhou uma Corona – pode cobrar no Oi Rio Pro.

Sebastian Zietz estava cuidando da vida, inscrito numa academia de ginástica, fazendo planos para tentar um retorno ao WCT quando recebeu o ingresso de ouro numa barra de chocolate Wonka – um mês depois ele estaria em segundo no ranking, sendo perguntado sobre título mundial…

Indo para o Rio, melhor resultado do Seabass em 3 temporadas, até vencer na sexta passada – sábado na Austrália – o havaiano sorridente e brincalhão pode assumir a ponta se Wilko perder cedo e ele, imaginem!, ganhar novamente.

Não irá acontecer.

Italo Ferreira, atual terceiro do mundo, foi o melhor brasileiro no evento, barrado pelo campeão Seabass. Agora no RJ, tem a chance de brigar pelo topo. Foto: People On Tour
Italo Ferreira, atual terceiro do mundo, foi o melhor brasileiro no evento, barrado pelo campeão Seabass. Agora no RJ, tem a chance de brigar pelo topo. Foto: People On Tour

Voodoo Dolls

Como bem percebeu Maurice Cole num comentário dialogando com a sempre agradável análise do Shearer, o desempenho geral ficou abaixo da média, conservador, porque o equipamento parece mais lento e menos responsivo do que a 15 anos atrás.

Alguém percebeu que em Margaret River quase todos andavam de lado, ou de fundo, sem atacar tão verticalmente, e com os arcos medrosos, talvez aflitos.

Aquela onda que não é gorda, nem buraco, pode ser um pesadelo com terral forte, mas se a memória não falha, Neco era capaz de enterrar mais a borda ali do que os cinco primeiros desse ano.

Wilko perdeu numa bateria medíocre e deve estar rezando para a WSL não inventar de convidar Dane Reynolds para o evento do Rio.

Num ano onde todos abaixo do primeiro já tem pelo menos um descarte e os principais candidatos ao título mundial, Medina, Mineiro, Toledo, Slater e Florence já tem os dois resultados pra jogar fora, isso é capaz de ficar interessante depois de J. Bay.

É divertido ler nos sítios estrangeiros sobre o fim da tempestade brasileira – perdoai-vos Netuno, eles não sabem o que falam.

Vejam Ítalo e Caio, dois tratores, ou ceifadores, dispostos a tudo para destruir reputações e atingir seus objetivos.

Que o diga John Florence, não é Caio?

Ítalo é solido como uma rocha e simplesmente está confortavelmente acomodado no terceiro posto depois desse atribulado começo de ano.

Vencer Medina, Seabass e Kolohe não tira o sono dele.

Mike Parsons deve achar que o Pinga tem um boneco voodoo de cada adversário no tour…

Caio Ibelli durante o Round 4 contra Seabass e Italo. Ibelli foi pra repescagem, venceu Jordy, se reencontrou com o havaiano nas quartas e perdeu de 12.50 contra 9.93 - agora ocupa a sexta posição no ranking do WT. Foto: WSL
Caio Ibelli durante o Round 4 contra Seabass e Italo. Ibelli foi pra repescagem, venceu Jordy, se reencontrou com o havaiano nas quartas e perdeu de 12.50 contra 9.93 – agora ocupa a sexta posição no ranking do WT. Foto: WSL

Jeitinho Brasileiro

Consegui ficar todo texto sem falar de política, ufa!

Por gentileza não me acusem de alienado.

Em alguns dias teremos a praia lotada de gente faminta, mendigando por um aéreo reverse na junção ou um alley oopzinho, pelamordedeus…

Nas areias será inevitável a acalorada discussão do formato desgastado do circuito mundial.

Uma felpuda raposa me contou que a WSL apresentou a proposta de reduzir o numero dos surfistas já para essa temporada e a resposta foi um sonoro não dos 32.

Mesmo que o bolso do bilionário da Flórida que banca o circuito hoje não tenha fundo (e tem…) alguma coisa precisa ser pensada e concluída para remover essas baterias sem perdedores – duas vezes!

Conseguimos evoluir das 4 ondas computadas para apenas 2, melhoramos o sistema de prioridades e elevamos o webcast ao nível das melhores transmissões televisivas – inclusive com os mesmos erros repetidos com insistência.

Não é possível que o próximo passo está assim tão longe.

* Nota de pé da página:

Surfline lança vídeo com Slater surfando em Tavarua, insistindo no modelo Banana, do Greg Webber, coisa dos anos 90 (assista aqui).

Dizem que o Careca tá matando seu surfe com essas pranchas.

Nas primeiras etapas não houve uma única onda que ficasse na memória.

Anos atrás, ele já fazia experiências com pranchas com pouco volume para ondas volumosas, como Bells e J. Bay, faltava algo.

Agora dono de metade da Firewire e trabalhando com alguns dos seus shapers prediletos, excetuando Al Merrick, parece que Slater está determinado a impor seu conceito de curvas exageradas e cada vez menos volume debaixo dos pés.

Tirando as ondas de Fiji, Teahupoo e Pipe, nenhum lugar oferece ondas tão rápidas e curtas como o Rio.

Pensa nisso…CORNETA1200 FINAL FINAL

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