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sexta-feira, 19 abril, 2024
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HARDCORE #333 • SURF FEMININO

O surf feminino resiste! E dois símbolos supremos de tal resistência estampam as duas capas desta edição especial. Silvana Lima, fotografada por Léo Neves, entuba em Ipanema, na revista que irá às bancas. Na edição de assinante, Stephanie Gilmore rasga com estilo um secret mexicano, foto feita por Todd Glaser durante as gravações de Proximity.

Silvana Lima está preparada para mais um temporada na elite, como conta na entrevista concedida para este especial, dias depois de ganhar a etapa do World Tour em Trestles, Califórnia. Para além da carreira pessoal, a cearense faz jus ao status de principal referência no cenário atual do surf feminino, com apelos por mais investimento para as meninas no Brasil.

Já no contexto mundial, conversamos com a hexacampeã mundial Stephanie Gilmore.   A australiana vive uma nova fase de sua vida. Equilibra o gosto pelo palco das competições com viagens de “férias” no freesurf, que lhe abrem para novas perspectivas. Mas ela revela que quer mais títulos mundiais, em uma elite cada vez mais inovadora e disputada.

Dos perfis, passamos para as reflexões sobre o estado das coisas no surf feminino brasileiro. Em uma sessão de tattoo promovida pela HARDCORE, no espaço Surf & Sound, em São Paulo, a jornalista Vivian Mesquita encontrou Alana Pacelli, Karol Lopes, Marina Werneck e a tatuadora Paula Sgarbi.

A cada rabisco, conversas trazem à tona assuntos extremamente pertinentes e fundamentais. A saga para unir as surfistas e reerguer a estrutura nacional de base e profissional. O novo cenário para as mulheres nos canais de TV. A conquista de maior espaço, mas ainda com o machismo presente, nos lineups e nas salas de reunião na indústria do surf. E muitos outros temas.

Já no mundo das pranchas, entrevistamos uma dupla que bate de frente com a representatividade de gênero. No 10 Perguntas, as shapers Anne Cavalcanti e Tiala Rocha falam sobre o Congo Project, a marca de pranchas que carrega não apenas a questão da ausência de mulheres no shaperoom, como também enaltece as culturas nordestina e africana.

As reflexões continuam na seção Alma Hardcore, Suelen Naraísa, bicampeã brasileira de surf, observa a importância dos circuitos nacionais para sua carreira e os esforços que tem realizado em parceria com seu irmão, Wiggolly Dantas, com o Campeonato Brasileiro em Ubatuba (SP).

Na coluna Polaroids, noseriding e outras viagens, Chloé Calmon escreve sobre a inspiração proporcionada pelo convívio e treinos com Silvana Lima, no Rio de Janeiro.

A jornalista e surfista Janaína Pedroso estreia sua coluna em torno de um tema interessante: “Já pensou em parar de surfar?”.

No Journal, ainda tem a Prancha Mágica de Silvana Lima; o primeiro contrato de patrocínio de Sophia Medina, com a Rip Curl; o surf como ferramenta de transformações sociais de gênero em países como Irã e Papua Nova Guiné, pela surfista, ativista e acadêmica irlandesa, Easkey Britton. E mais: Darkroom por Heverton Ribeiro, com a skatista Letícia Bufoni; Art Room por Alexandra Iarussi, com o artista Chad Eaton; a primeira coluna do surfista e artista Cassio Sanchez, o Casami, e mais!

HARDCORE de outubro nas bancas! Garanta a sua!

 

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Silvana Lima do futuro – por Adriano Vasconcellos e Kevin Damasio

[…] Mesmo com o foco na elite, Silvana não deixa de se preocupar com o futuro das mulheres no surf feminino. Nesta entrevista, ela faz um pedido extremamente necessário para que ela, em um futuro próximo, ganhe companhias brasileiras na elite: “Por favor, façam eventos no Brasil”. […]

 

[…] Atualmente, enquanto cresce em vários países do mundo, o surf feminino passa por uma grande falta de estrutura no Brasil. O que pensa sobre isso?

Isso é muito triste. O surf cresce no mundo inteiro. Está nas Olimpíadas. Mas no Brasil está crítico. Eu não falo nem em relação a talentos – na nova geração, isso é o que mais tem, e muita gente não sabe. “Quem é que está bem? Quem pode estar junto com a Silvana? Quem poderia estar nas Olimpíadas?” Não sabem por quê? Porque não tem evento. A mídia não vai aparecer. O patrocínio tampouco vai querer aquela competição. O principal, para nós, são os eventos. Se tiver, aparecerão vários talentos. Novas gerações. Eu sei que muita gente faz evento amador. Mas, e aí, vamos esquecer das profissionais? […]

 

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Expressão sob elementos – por Vivian Mesquita, fotos de Alexandre Gennari

[…] A paixão pela expressão tatuada no corpo e o esporte é o que move essas mulheres. Em tempos nos quais o empoderamento feminino é tão discutido, nosso encontro foi provocado para falar de vida real sem “mimimi”, com muita saia justa e lágrimas até. […]

Alana Pacelli
“Em muitas situações a beleza ajuda muito. Mas tem que ter capacidade, eu acho que a beleza por si só não leva a ganhar um bom patrocinador. Eu tenho muita experiência em viagem, venho de uma família de surfistas, já peguei muita onda. Surfei Jaws, no Havaí, tenho uma bagagem que com certeza conta mais do que a beleza. É mais atitude do que beleza. Porque uma pessoa, para mim pelo menos, se torna mais bela pela atitude.”

Karol Lopes
“Até pouco tempo atrás a gente tinha: “o surf feminino no Brasil não cresce”. Então o investimento era cada vez menor no marketing. Isso só vinha diminuindo e isso me deixava bem triste. Eu estava lá há oito anos. E hoje começo a ter mais liberdade, a marca começa a olhar as meninas, quem são as meninas de 11, 12 anos, que estão começando e estão indo para esse caminho. Vamos começar a apoiar de forma pequena. Então, hoje, já consigo enxergar a possibilidade de construir esse plano tão sonhado não só para a minha marca, mas para o surf feminino no Brasil.”

Marina Werneck
“Eu acho que as meninas acabam se vitimizando, com os seus motivos, ao invés de pegar essa gana, essa resiliência e se unir. Vamos fazer uma liga nossa, ou vamos fazer uma associação. Ou vamos fazer eventos independentes e mostrar o poder que a gente tem de realizar. Vamos transformar o cenário, fazer uma revolução. Teve um momento em que se falava: “Ah, mas o surf feminino no Brasil hoje não existe. Será que vem as meninas para o evento? Será que no mínimo 30 meninas vêm?”. E é isso, eu comecei a ficar mais próxima do pessoal que realiza evento, movimentei mais as meninas e comecei a ver uma união das pessoas.” 

 

 

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A mesma criança sorridente – por Kevin Damasio

[…] E o espaço da mulher no surf no geral?

Eu realmente não vejo especificamente o desrespeito à mulher no lineup. Penso que sempre tem meia dúzia de homens que costumam dominar o pico e agem agressivamente contra qualquer um no lineup – homens e mulheres. Mas isso é simplesmente a incapacidade de entenderem o maravilhoso fato de que estão no oceano, pegando onda por diversão, enquanto muitas pessoas no mundo estão sentadas no escritório, ou em zonas de guerra, ou em situações ainda mais precárias. É isso o que me deixa mais decepcionada: esses personagens estressados no surf. […]

 

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10 Perguntas: Congo Project – por Kevin Damasio

Quando você vislumbrou que seria possível seguir uma carreira como shaper?
[…]Anne Cavalcanti: Até então a gente não tinha noção nenhuma de fabricação de prancha. Começamos a ir nas fábricas, atrás de shapers. Prestando atenção. Tentando aprender. Mas, principalmente no Brasil, tem essa cultura de que as portas de fábricas são fechadas. Ninguém pode saber o que acontece lá dentro da sala de shape. Foi o que encontramos pela frente aqui. É difícil achar alguém que queira dividir esse conhecimento. Foi aí que vi esse caminho alternativo. Falei: “Que mulher que faz prancha? Tem alguém?” E comecei a bolar a ideia: “Eu mesmo vou fazer”. Me matriculei no curso [profissionalizante de shaper, do Henry Lelot, no Rio de Janeiro]. Voltei e ensinei tudo para ela.

Tiala Rocha: A parte de laminação foi a que mais me identifiquei, que consegui absorver melhor.
A: E foi a forma que a gente encontrou de implementar nossas ideias na marca. Só tinha como ser assim, com a gente mesmo fazendo. […]

 

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