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HARDCORE #320 • AGOSTO/16

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A HARDCORE de agosto é dedicada à procura pelo eu interior. Na reportagem de capa, é isso que fazem Mick Fanning Mason Ho, na busca por ondas glaciares no Hemisfério Norte.

Yago Dora, uma figura onipresente nos filmes de surf e na mídia internacional, é o protagonista de uma grande entrevista sobre um início de carreira meteórico, os fortes laços familiares e os sonhos que projeta para os próximos anos.

Nessa busca pela essência, mergulham na cena dos filmmakers brasileiros independentes, com este universo através das lentes e mentes de Rafael MellinPablo AguiarLoïc WirthBruno ZaninGabriel Novis.

Também entramos no universo paralelo de Jack Coleman, o filmmaker californiano que encontra nos filmes de película, como o recém-lançado The Zone, uma forma de transcender as sensações de espaço-tempo.

Já no meio da temporada na Indonésia, fomos para um pico remoto em Asu, longe do crowd e puxados de tow-in nas bombas, com Jorge PacelliRafael TapiaParis ChongMarcelo Noto.

Mais isolado ainda está Heidar Logi. No 10 Perguntas deste mês, o islandês de 23 anos fala sobre a vida como único surfista profissional no país nórdico, assim como o desafio de entender os ventos imprevisíveis na ilha e a produção do bem-humorado filme The Accord.

No Journal, o especial de filmes continua: no especial Festival Rocky Spirit, com resenha sobre o curta Lunar; um papo sobre o papel e espaço do documentário nas produções de surf, com Julio Adler, diretor de Saca – O filme de Tiago Pires; uma entrevista com o fotógrafo taitiano Tim McKenna, sobre os bastidores da “sessão privada” em Teahupo’o, para gravação do remake de Point Break; e pranchas mágicas com Dávio Figueiredo, na Indonésia. E mais!

HC #320! Imperdível! Garanta a sua!

 

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“Sua presença nesse lugar imponente é absolutamente trivial, a escala da paisagem os faz sentirem-se pequenos, vulneráveis e 
muito vivos.”

 


Assista AQUI ao vídeo na íntegra.

Os Quebra-Gelos –
 por Taylor Paul, com fotos de Corey Wilson

[…] Pelas próximas horas, Mick deixa claro para todos que seu surf está afiado como nunca. Sim, foram esses turns afiados que moldaram sua carreira, mas seu surf também está mais solto. Alley-oops, aéreos gigantes e sorrisos maiores. E, enquanto ele surfa sem juízes, martela “notas” 8 e 9, como se estivesse em uma decisão de título mundial. Mas, obviamente, não há nada disso.

“O surf não é minha prioridade aqui”, diz Mick mais tarde, vestindo um chapéu no estilo “Mad Bomber” que o faz parecer mais um caçador da floresta do que surfista. “Minha prioridade é explorar uma terra da qual não sei muito a respeito.” […]

***

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“Foda-se se vou completar a onda ou não, eu quero que uma manobra seja melhor do que a outra e isso é legal para a parte da evolução do surf, mas, às vezes, é difícil para competição.”

Yago Dora – por Adriano Vasconcellos, com retratos de Raphael Tognini

[…] HC: E aí tem uma pergunta do freesurf versus o competidor. Você se destaca muito no freesurf, mas já está focado nas competições. Como é essa relação?
Desde que eu comecei a surfar o meu maior objetivo era ser o melhor surfista que pudesse. Então desde o começo procurei viajar bastante, surfar onda boa para fazer meu surf ficar bom. E não tive muita experiência em competição quando mais novo. Eu competi em alguns eventos, mas era bem mais focado em evoluir meu surf, até porque eu surfava muito pior do que os amigos da minha idade. Então eu queria chegar no nível deles para que pudéssemos competir. E quando comecei todo mundo já tinha experiência de competição e competição é muito de experiência, eu acho. Quanto mais competir, mais vai acostumando e pegando a manha. Esse ano que estou competindo mais sinto que a cada campeonato consigo soltar um pouquinho do meu surf. E é difícil porque cada bateria é uma bateria e o QS é muito difícil de onda. […]

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“Está rolando uma volta à essência, de ver o surf como mais do que um esporte,
do que só performance.”

Take a Take – por Kevin Damasio

[…] Take 1: Ser Independente

Rafael Mellin: O audiovisual é uma atividade mais cara e complicada do que artes plásticas, música, por exemplo. Envolve câmera, edição, externa, viagem, às vezes um assistente, elenco, logística. O maior desafio é encontrar financiamento para o projeto.

Pablo Aguiar: Ser filmmaker independente é botar muito amor na profissão e acreditar no seu trabalho, sem se preocupar em agradar aos outros.

Loïc Wirth: Tu nem percebe que é trabalho. Faz porque gosta muito, e, por consequência, acaba ganhando dinheiro. Ser independente, às vezes, é não se filiar a alguma coisa para não mudar a estrutura da tua obra.

Bruno Zanin: Estamos carentes de marcas que apoiam. Passamos a maior parte do tempo acreditando que um dia vai mudar, mas, na verdade, fazemos mais por amor do que por dinheiro. Isso supre toda a necessidade financeira e faz com que os projetos continuem saindo.

Gabriel Novis: É o prazer de produzir algo exatamente como desejar. Fica mais flexível. Não tem que lidar com corporação ou ser comandado. Você faz com a equipe que quiser, com gente em quem confia. Poder trabalhar com amigos talentosos não tem preço. […]

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“Qualquer artista, penso eu, concordaria que esse tipo de pessoa que faz as próprias coisas, e banca e financia a ideia, possui uma conexão mais profunda com o próprio trabalho e tem uma paixão real pelo que faz.”

O mundo paralelo de Jack Coleman – por Kevin Damasio

[…] HC: A relação de espaço e tempo muda em um filme gravado com película?
Muda sim, cara. Sem dúvida tem um visual ressonado, que ao longo do tempo mantém sua substância. Quando foi filmado, foi filmado com um propósito. Então acredito que a imagem possui valores que se perpetuam no tempo.

Qual a importância disso em um mundo onde se vive com tanta pressa?
Quero que meus filmes façam as pessoas saírem de casa e sentirem o cheiro das rosas, olharem para o céu, descerem para a praia, entende? Simplesmente conferir como a vida é incrível. Todas as coisas – há pássaros, vidas, árvores em qualquer lugar. Então também é um momento incrível para estar vivo, e precisamos saber disso, ter essa consciência. É isso que eu quero que as pessoas extraiam dos meus filmes. […]

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“Antigamente, nesses dias grandes, essas ondas absurdas e quadradas sempre passavam e a gente ficava só olhando do canal. Não dava pra remar, era um desperdício de ondas boas.”

Tow In Sumatra – por Steven Allain

[…] Tow in não é apenas para ondas gigantescas. Em outras ocasiões também é útil – e super divertido. Mas, é claro, só pode acontecer quando ninguém no mar está surfando na remada (regra que é respeitada na maioria dos picos gringos, e infelizmente, em poucos picos brasileiros).

Recentemente, os proprietários do surfcamp Puri Asu, em Asu, Sumatra, Indonésia, investiram pesado para proporcionar a seus hóspedes (e a eles mesmos, claro) a oportunidade de praticar o tow in em ondas relativamente grandes, perfeitas e absolutamente sem crowd. […]

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“A Islândia é uma nação de pescadores, então o povo tem muito medo do mar, das ondas, e muito respeito. As pessoas pensam que eu vou morrer, mas é engraçado.”

10 Perguntas: Heidar Logi – por Kevin Damasio

[…] HC: No filme, vocês comparam o vento do Atlântico Norte a um bêbado, grandalhão e barbudo, a 10 minutos do bar fechar (papel interpretado por Gudmundur Thorarinn). Como chegaram a essa analogia?
O Elli teve essa ideia e escreveu o roteiro. Quando nos contou, fez total sentido. É dessa forma que olhamos a bagunça que é o vento do Atlântico Norte: um bastardo bêbado sentado em um bar – imprevisível. Você vai a um pico em que a previsão é de terral. Quando chega lá, está terral. Você bota o wetsuit… e então já virou maral. O vento tem uma mentalidade própria. É uma relação de amor e ódio. Às vezes, eu o odeio; em outras, amo. Uma vez, no filme, encontramos um pico com um terral perfeito. Só foi o tempo de vestirmos os wetsuits para o vento virar e estragar tudo. Ficamos muito desapontados. Mas em certos dias aponta que estará maral, mas na verdade não tem vento, ou então é terral – essa é a parte boa. […]

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