A erupção do vulcão Kilauea segue despejando lava por uma superfície cada vez maior da Big Island, a maior ilha do arquipélago do Havaí, e causando uma série de transtornos.
O fluxo de lava destruiu nesta terça (22) o depósito de uma usina geotérmica e forçou o fechamento de outra, em Puna, por ter chegado extremamente próximo a suas instalações.
Além disso, como resultado do contato da lava com a água salgada do Oceano Pacífico, desde o começo da semana uma enorme nuvem de fumaça potencialmente tóxica tem se formado. A nuvem carrega moléculas de ácido clórico e partículas minúsculas de vidro, podendo causar diversos tipos de problemas respiratórios mesmo a quem se encontra distante do vulcão.
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No sábado, um pedaço de lava arremessado pela abertura de uma fissura no solo atingiu um morador da ilha, que estava na varanda de sua cara. Segundo a agência de notícias Reuters, o homem sofreu lesões graves entre o joelho e o pé atingidos.
Praticamente todos os residentes dos bairros de Leilani, Kapoho, Lanipuna Gardens e Pohoiki Bay foram forçados a deixar suas casas. Nesta quarta-feira, o prefeito da ilha, Harry Kim, emitiu um comunicado de emergência liberando os moradores destes bairros do pagamento do imposto anual sobre propriedades. A maior parte das construções destes bairros já foi destruída pela lava.
Florestas de mata nativa foram engolidas pela matéria vulcânica e as crateras seguem emitindo um gás altamente tóxico através das dezenas de fissuras por onde a lava chega à superfície.
“Quando Pele decide, não podemos fazer nada”
Enquanto o vulcão deixa um enorme rastro de destruição na ilha, alguns moradores, entretanto, agradecem. A erupção vulcânica e os gigantescos rios de lava seriam uma manifestação da entidade divina Pele, “a mulher que engoliu a Terra”, segundo a crença mitológica havaiana.
“Minha casa foi uma oferenda a Pele”, disse a professora escolar Monica Devlin, cuja propriedade foi engolida pela lava, ao jornal New York Times. “Eu morei no seu quintal por 30 anos, e pude aprender que foi ela que criou essa ilha e toda sua beleza. É um processo inspirador de destruição e criação que eu tive a sorte de presenciar”, continua.
“Nossa divindade está vindo”, disse à mesma reportagem Lokelani Puha, dançarina hula e moradora da região atingida. Ela expressou o sentimento de boa parte das pessoas em relação às perdas causadas pela erupção: “Quando Pele decide, não há nada que possamos fazer a não ser aceitar sua vontade.”