Por que as marcas de surf não falam das Olimpíadas?

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Estamos a quatro dias do início das Olimpíadas e não vemos nenhuma das marcas do segmento fazendo qualquer tipo de menção em suas redes ou campanhas. Você sabe o motivo?

Recentemente o jornalista Zander Morton escreveu uma matéria na revista australiana Stab justamente a respeito desse tema. Confira:

“Sob muitos aspectos, o surfe olímpico será semelhante a qualquer outro evento do circuito mundial da WSL,” inicia o jornalista Zander Morton.

“Italo voará em sua prancha de surf como fogos de artifício comprados em uma barraca semi-ilegal na beira da estrada e Medina será tão difícil de vencer como sempre. Juízes experientes pontuarão ondas de 1 a 10, os critérios serão os mesmos e, se tivermos muita sorte, pode até haver algumas ondas. Mas haverá algumas diferenças perceptíveis.”

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Afinal, prossegue Morton, este é o primeiro evento profissional em que não haverá logotipos de patrocinadores em nenhuma prancha de surf. Todos os 20 homens e 20 mulheres competirão com as pranchas em branco, apenas com o logotipo do fabricante, que é permitido.


Para saber mais detalhes sobre as regras de identificações autorizadas para os atletas, acesse aqui a “Rule 50” (Regra 50, na tradução livre) completa.

Não apenas os surfistas não podem citar seus patrocinadores; seus patrocinadores não podem explicitamente promovê-los como atletas olímpicos durante um “período de blecaute” – de nove dias antes da cerimônia de abertura até três dias após o término do evento, graças à Regra 40, que foi criada para evitar o “marketing de emboscada” de marcas que não são parceiras olímpicas oficiais.

Conforme escreve Morton, por exemplo, marcas como a Coca Cola supostamente pagam 300 milhões para patrocinar as Olimpíadas por quatro anos (um de verão e um de inverno), então o COI não quer que marcas não oficiais que patrocinam atletas nos Jogos se beneficiem sem pagar muito dinheiro. Considerando que os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio tiveram um público de 3,2 bilhões de pessoas, meio que faz sentido.

As regras 

“Digamos que vença Gabriel Medina,” escreve Morton. A Rip Curl (e qualquer um dos outros patrocinadores de Medina) não tem permissão para postar um Instagram parabenizando-o por ganhar o primeiro ouro olímpico do surf. Na verdade, eles nem mesmo podem chamá-lo de olímpico antes do evento.

“Durante o período de blackout, as marcas não podem se associar de nenhuma forma aos jogos olímpicos,” disse Ryan Fletcher, gerente da equipe internacional da Rip Curl, ao jornalista da revista australiana. “Eles não podem citar os atletas que vão às Olimpíadas, competem nelas ou suas realizações durante o semestre. Nem temos permissão para usar qualquer imagem usando os anéis olímpicos, medalhas etc.”

Durante os Jogos anteriores, a Regra 40 foi ainda mais longe, prossegue Morton, “proibindo as marcas de promover seus atletas durante o período de blackout, mesmo que a publicidade não tivesse nada a ver com as Olimpíadas. Agora, há alguma flexibilidade com aprovação do COI.

“Por exemplo, lançamos um novo curta do Mirage sobre Gabriel Medina no dia 1º de agosto de cada ano”, acrescenta Fletcher. “Pudemos enviar isso ao COI e explicar como fazemos o lançamento desse produto todos os anos e enviar o plano de implementação globalmente. O COI então decide se esta campanha pode continuar e diz que irá monitorar a campanha durante o período para garantir que cumpramos o plano enviado e não capitalizemos em excesso empurrando um novo produto. Fizemos isso e tivemos nossas campanhas globais que devem ser executadas durante o período dos Jogos aprovadas.”

A regra 40 também foi recentemente ajustada para permitir alguma forma de “marketing genérico” da perspectiva das marcas, mas as regras ainda são rígidas.

“Podemos dar os parabéns a um atleta por sua conquista com uma imagem genérica e palavreado sobre como eles ‘se saíram bem recentemente’”, Fletcher continua, “mas não podemos fazer referência direta a nada a ver com os Jogos, e isso ainda só pode ser feito após o término do período de blecaute”.

Os surfistas devem seguir orientações semelhantes. Eles também não têm permissão para promover seus patrocinadores ou qualquer um de seus produtos durante os Jogos. Se quiserem agradecer a um patrocinador nas redes sociais, eles têm alguma flexibilidade para fazê-lo, mas apenas nas fotos sem os logotipos olímpicos visíveis. Os surfistas também devem registrar todos os seus patrocinadores antes de qualquer promoção, e eles só podem postar um total de sete mensagens de agradecimento durante o período.

“Uma rápida olhada no Instagram e é óbvio que todas as principais marcas estão bem cientes da Regra 40. Estamos oficialmente dentro da janela de blecaute e não há um único post centrado nas Olimpíadas da Red Bull, Roxy, Billabong, Rip Curl, etc,” analisou Morton.

Enfim, fato é que os primeiros medalhistas de ouro no surf serão um grande negócio, conforme escreveu a Stab. “Só não espere que pareça assim nas contas sociais de seus patrocinadores. As marcas de surfe não têm 300 milhões de dólares para gastar em publicidade olímpica. Pelo menos ainda não,” pontuou Morton.

Clique aqui e confira a guideline completa a respeito das regras olímpicas.

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