O clima de decisão continua na Praia dos Molhes, em Torres, Rio Grande do Sul. Após o Taça Brasil 5.000 concluído no domingo, agora começou o 10.000, a etapa final do circuito de acesso à elite nacional, o Dream Tour. No primeiro dia, já competiram grandes nomes do surfe brasileiro em um cenário de condições variáveis, com boas ondas na manhã e dificuldades crescentes no fim da tarde. O evento tem patrocínio da Freesurf, sendo realizado pela Confederação Brasileira de Surf (CBSurf) em parceria com a Federação Gaúcha de Surf (FGS), a Prefeitura de Torres e o Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
O primeiro dia foi marcado por apresentações de alto nível. Entre os homens, em momentos distintos do mar, o atual campeão brasileiro Weslley Dantas (SP) dominou com os maiores somatórios e notas do dia, enquanto Gabriel André (SP) também se destacou mostrando consistência e estratégia. No feminino, competidoras do Dream Tour confirmaram o favoritismo superando adversárias do circuito brasileiro de base.
+ Entrevista exclusiva Miguel Pupo: “Estou feliz de estar de novo na disputa entre os melhores do mundo”
Fechando o calendário da Taça Brasil de 2024, esta etapa define os campeões do ano e os surfistas que se classificam para o Dream Tour, a elite do surfe nacional. Cada bateria carrega grande importância, pois o ranking final considera os quatro melhores resultados de cada competidor nas dez etapas do ano. Para muitos competidores, este evento é decisivo na busca por pontos que garantam o acesso à elite.
A primeira fase masculina foi disputada sem grandes surpresas, com os melhores colocados do circuito, como o líder Ryan Kainalo, avançando às próximas fases e nenhuma eliminação de impacto no ranking.
ATUAL CAMPEÃO BRASILEIRO DÁ SHOW EM DIA SEM SURPRESAS
O campeão brasileiro de 2023, Weslley Dantas, não decepcionou e foi o grande destaque do dia. O surfista de Ubatuba alcançou o maior somatório da 1ª fase masculina, 14.90, graças a duas notas expressivas: 7.73 e 7.17. Sua performance incluiu aéreos de alto grau de dificuldade, mostrando a força característica de seu surfe.
Após a bateria, Weslley analisou a estratégia que adotou diante das condições instáveis do mar:
“Nem sempre é tudo ou nada. Acho que faz parte do meu estilo buscar o limite, tanto no freesurf quanto nas baterias. Esse é o jeito que mais me identifico, sempre puxando meu limite. Tento fazer isso de forma natural, mas tem baterias em que é preciso ser estratégico, dar manobras e não arriscar tanto nos aéreos. Ao longo dos anos, com a experiência que acumulei, consegui aprender a equilibrar isso e fazer boas manobras em quase todas as baterias. Fiquei feliz com as duas notas que fiz hoje, porque o mar está difícil.”
Ele também comentou a troca de equipamento para esta etapa:
“No campeonato anterior, acabei perdendo, acho que por causa do equipamento. Decidi aumentar o tamanho da prancha para essa competição. Estou usando uma 6’4 round, de PU, e ela tem funcionado muito bem no mar mais baixo e fraco, mais rápida e mais fluida. No último campeonato, competi com a Epoxy que fui campeão brasileiro, mas que funciona melhor em mares mais cavados. Então fiz a escolha certa de aumentar as pranchas para hoje. Sou muito grato ao Tico Teco. Já temos mais seis ou sete anos de parceira e eles sempre fazem os melhores equipamentos pra mim e para outros atletas.”
Weslley, atualmente em 21º no ranking, precisa de um bom resultado nesta etapa, pois soma apenas três resultados no ano e os pontos de Torres serão determinantes para seu avanço.
GABRIEL ANDRÉ TAMBÉM SE DESTACA
Quem também competiu bem foi Gabriel André, de Guarujá (SP), com o segundo maior somatório do dia: 12.90. Surfando mais cedo em relação à bateria do Weslley, quando as ondas ainda apresentavam boa formação, Gabriel optou por uma estratégia que priorizou buscar um maior número de oportunidades.
“Procurei estar bem ativo ali na bateria, porque eu acompanhei que bombava de onda em algumas baterias, mas em outras paravam. Então optei por não me preocupar muito com meus adversários e construir a pontuação na bateria. Fiz isso e deu certo a minha estratégia,” comentou ele.
Gabriel, que está em 44º no ranking, precisa trocar 1.000 pontos de seu quarto melhor resultado. Portanto, ele precisa chegar na 3ª fase para começar a aumentar sua pontuação.
NO FEMININO, INTEGRANTES DO DREAM TOUR DOMINAM O PRIMEIRO DIA
No feminino, apenas duas baterias foram realizadas na 1ª fase devido ao número de inscritas. Mesmo com o mar mais difícil no fim do dia, as integrantes do Dream Tour confirmaram o favoritismo, superando as surfistas do circuito brasileiro de base e avançando às próximas fases.
Na primeira bateria, Mariana Areno (RJ) e Jessica Bianca (PR) eliminaram Aurora Ribeiro (SP), de apenas 15 anos. Mariana, que registrou o maior somatório, 8.33, e maior nota, 4.50, do feminino no dia, falou sobre a bateria e seu objetivo na etapa em Torres:
“Graças a Deus, deu tudo certo. O mar está bem difícil, entrou um vento bem forte agora, e está complicado se posicionar lá dentro, mas consegui achar duas ondas e dar o máximo nelas. Sobre a disputa pela classificação, meu principal objetivo este ano é me classificar pelo próprio Dream Tour. A última etapa será no Rio, em casa, e este campeonato aqui é mais para manter o ritmo de competição e conhecer um lugar novo.”
Mariana também destacou o prazer de competir em Torres:
Nunca tinha vindo para Torres e estou bem feliz de conhecer. É uma onda bem legal. Por mais que tenha esse vento forte às vezes de tarde, de manhã eu tenho surfado altas ondas. É isso, estou feliz. Um passo de cada vez. Bora que amanhã é outro dia!”
Na segunda bateria, Sophia Gonçalves (SP) venceu, com Kiany Hyakutake (SC) em segundo lugar, eliminando Maria Autuori (SC), de 17 anos. Sophia destacou sua adaptação ao vento que entrou durante o dia:
“A bateria estava difícil. Fiquei observando o mar por um tempo e, inicialmente, não tinha vento. Mas, na hora que entrei para a bateria, começou um vento lateral. Eu sabia que precisava tomar cuidado com o lado das esquerdas, que estava muito forte. Consegui usar o meu ponto forte, o backside, e, graças a Deus, deu tudo certo. Tava difícil, mas é isso. Vamos com tudo para a próxima!”
Nenhuma das quatro competidoras está garantida no Dream Tour do próximo ano. Mariana Areno tem a situação mais favorável, ocupando a 10ª posição entre as 14 que se mantêm pelo ranking do Dream Tour. Sophia Gonçalves é a 14ª colocada, última posição que garante a vaga, e ambas ainda precisam confirmar suas classificações. No ranking do Taça Brasil, Mariana aparece em 27º lugar e Sophia em 18º.
Jessica Bianca e Kiany Hyakutake estão fora da zona de classificação no ranking da elite nacional. No Taça Brasil, Jessica ocupa a 24ª colocação e Kiany a 17ª posição.
HIGHLIGHTS
PRÓXIMA CHAMADA
Nesta terça-feira, a primeira chamada acontece às 7h30, com início previsto para as 8h. O cronograma prevê a 2ª fase masculina (24 baterias) seguida pela 2ª fase feminina (6 baterias). A previsão aponta para um aumento gradual do swell ao longo do dia, acompanhado por chuva e ventos mais intensos à tarde.
TRANSMISSÃO E APOIO
O Taça Brasil 10.000 em Torres, Rio Grande do Sul, é transmitido ao vivo pelo canal CBSurfPLAY e no site cbsurf.org.br.