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Toledo, Medina e Ítalo avançam às quartas em Teahupoo

Todas as baterias da terceira e quarta rodadas do Tahiti Pro, sétima etapa do Circuito Mundial da WSL, foram para a água nesta quinta (16), em ondas de até cinco pés na bancada de Teahupoo. Filipe Toledo, na melhor campanha de sua carreira no pico, Gabriel Medina e Ítalo Ferreira são os últimos brasileiros remanescentes na briga. Ítalo e Medina se enfrentarão nas quartas de final. Filipe vai enfrentar o sul-africano Michael February, que antes de vir para o Taiti pela primeira vez na vida havia vencido apenas três baterias em todo o ano de 2018 na elite.

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O dia foi marcado por ondas surpreendentemente boas que deram as graças em algumas baterias, embora com frequência irregular e abaixo do que se espera para o evento de Teahupoo; por um pareamento que conseguiu colocar a grande maioria dos especialistas no pico do mesmo lado da chave; e por uma virada sensacional de Ítalo Ferreira, com duas ondas nos últimos dois minutos de bateria.

A sorte sorri para Filipinho

Dizem que não existe campeão sem sorte. Pode ser mais um sintoma de que 2018 é, enfim, o ano de Filipe Toledo.

Primeiro, com a ondulação – ou a falta dela. Não é segredo que Teahupoo era o calcanhar de Aquiles de Toledo no circuito, e ele se dedicou para atenuar essa diferença com uma semana de treinos no local antes da etapa. Mas, com ou sem treino, é claro que um mar sinistro, como o de 2014, vencido por Gabriel Medina, ou o de 2011, vencido por Kelly Slater em final contra Owen Wright, dificultaria a vida de Filipe. Se ele ia se dar bem ou não, é impossível saber. O fato é que nesta quinta não foram nos famosos tubos em que Filipe apostou para vencer, e sim nas manobras. Um mar que permitia essa opção, quando não era a única.

Segundo, com o chaveamento, que jogou para o outro lado do evento os três surfistas que já foram campeões ali: Medina, Jeremy Flores e Adrian Buchan. Na chave deles ainda estavam Connor O’Leary, vice-campeão da etapa de Fiji em 2017, Ítalo Ferreira, campeão de duas etapas em 2018 e responsável por eliminar Toledo em Teahupoo em 2015 por 15 a zero, e Ian Gouveia, surfista cuja notória especialidade são os tubos.

Terceiro, com seus próprios adversários diretos. Em tese, uma carne de pescoço no terceiro round: um local que veio das triagens e conhece o pico como a palma da mão. Na prática, um sujeito que se lesionou no momento em que conseguiu a vaga, que vem surfando machucado e com dores, que se destaca em mares pesados e extremos e não pelo repertório de manobras e que já estava feliz demais em chegar naquela fase. O que não muda nada o mérito de Filipinho: Julian surfou contra o mesmo adversário no round 2 e foi eliminado. Toledo passou em segundo no round 4, eliminando o japonês Kanoa Igarashi, e atrás de Owen Wright, único especialista em Teahupoo do seu lado da chave e que agora só pode voltar a enfrentá-lo na semifinal. Nas quartas, vai surfar contra February, que nunca havia surfado a onda.

O mundo viu o esforço que Filipe fez para aprimorar seu surf em Teahupoo. Agora, a sorte sorriu para ele. A única coisa a fazer é aproveitar.

Round 3: A escovada de Yago em Mikey

Um dos grandes momentos do round três foi o atropelo de Yago Dora para cima de Mikey Wright. Yago tem um surf vivo, expressivo, alegre. Se deu muito bem com os tubos que apareceram em sua bateria. O contraste com o sofrimento do australiano Mikey Wright, maior beneficiário de wildcards da história da WSL, era brutal. Mikey ficou atrás o duelo inteiro e só conseguiu um score relevante no final da bateria, quando o duelo já estava quase decidido.

Ainda assim, vale destacar que um pouco de malícia deve fazer bem a Yago, que correu um risco desnecessário – fosse um surfista mais experiente, a história podia ter sido outra.

Medina derrotou Wiggolly em um ótimo duelo. Dois goofies, exímios tube riders e ambos com um surf muito power. Prevaleceu a leitura impecável do campeão mundial.

Jessé perdeu novamente por uma margem quase mínima, dessa vez para Wade Carmichael. A verdade é que a atribuição de notas foi difícil de entender em diversos momentos, e a bateria de Jessé foi uma delas. O guarujaense recebeu 4,77 por uma onda claramente melhor do que a que valeu 5,5 para o australiano.

Michael Rodrigues não achou absolutamente nada em sua bateria contra Ezekiel Lau.

Adriano de Souza perdeu para Igarashi ao escolher a onda errada quando tinha a prioridade. Ian Gouveia surfou uma bateria quase sem tubos e não foi páreo para a radicalidade de Ítalo.

Jeremy Flores, em sua entrevista após vencer Adrian Buchan, fez a melhor leitura: as baterias estão sendo decididas por uma onda. A oferta é baixa, e quem encontrar essa onda, vai levar a melhor. Surfistas que fizeram isso no R3: Owen, Medina, Connor e próprio Jeremy.

Ítalo enfrenta Medina nas quartas

O round 4 foi para a água e definiu as quartas de final. Ezekiel Lau foi a primeira vítima. Estava em segundo, com Wade Carmichael em primeiro, quando February achou a tal onda de que Jeremy falava.

No duelo seguinte, Owen novamente achou o caminho nos tubos. Após a bateria, Kanoa admitiu que ficou abalado com o erro de prioridade que deu a melhor onda ao australiano. Não conseguiu fazer nada relevante nos quarenta minutos e Filipe passou em segundo sem problemas.

Em uma bateria sem tubos, Medina surfou um nível acima dos rivais e venceu com bastante folga. Kolohe Andino e Yago Dora brigaram pela segunda posição. Um backside conservador que completava as ondas contra um surf de aéreos sem muitos complementos mais. Os juízes gostaram mais do surf de Kolohe.

Na última do dia, Jeremy foi premiado pela bancada e pegou um tubo atrás do outro. Connor O’Leary pegou outro ótimo tubo e parecia tudo resolvido. Mas o australiano não tinha um back-up de qualidade. Ítalo não é Mikey Wright, e puniu o rookie do ano de 2017 sem piedade com dois aéreos rodando no último minuto.

Não há previsão de melhora na ondulação. Mas o campeonato desta quinta já foi bem melhor do que o do round 2. Próxima chamada nesta sexta (17), às 14 horas.

Resultados do Tahiti Pro – Round 3

1 Michael February (AFR) 9.66 x 4.83 Jordy Smith (AFR)
2 Ezekiel Lau (HAV) 12.50 x 5.07 Michael Rodrigues (BRA)
3 Wade Carmichael (AUS) 9.50 x 9.40 Jessé Mendes (BRA)
4 Owen Wright (AUS) 14.27 x 10.83 Joel Parkinson (AUS)
5 Kanoa Igarashi (JAP) 11.40 x 11.17 Adriano de Souza (BRA)
6 Filipe Toledo (BRA) 14.66 x 6.90 Tikanui Smith (PLF)
7 Gabriel Medina (BRA) 14.73 x 11.83 Wiggolly Dantas (BRA)
8 Kolohe Andino (EUA) 13.27 x 12.36 Frederico Morais (POR)
9 Yago Dora (BRA) 12.90 x 8.24 Mikey Wright (AUS)
10 Connor O´Leary (AUS) 16.53 x 11.34 Michel Bourez (PLF)
11 Jeremy Flores (FRA) 13.14 x 9.93 Adrian Buchan (AUS)
12 Italo Ferreira (BRA) 12.14 x 10.34 Ian Gouveia (BRA)

Round 4

1 Michael February (AFR) 14.70, Wade Carmichael (AUS) 12.07, Ezekiel Lau (HAV) 10.97
2 Owen Wright (AUS) 12.67, Filipe Toledo (BRA) 11.40, Kanoa Igarashi (JAP) 8.26
3 Gabriel Medina (BRA) 13.67, Kolohe Andino (EUA) 10.43, Yago Dora (BRA) 9.50
4 Jeremy Flores (FRA) 15.24, Italo Ferreira (BRA) 13.10, Connor O´Leary (AUS) 10.97

Quartas de final

1 Michael February (AFR) x Filipe Toledo (BRA)
2 Owen Wright (AUS) x Wade Carmichael (AUS)
3 Gabriel Medina (BRA) x Italo Ferreira (BRA)
4 Kolohe Andino (EUA) x Jeremy Flores (FRA)

Texto: Fernando Maluf
Imagens: WSL/Cestari/Sloane

 

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