Mariana Broggi*
Direto do Panamá
Com apenas 17 anos, Sophia Medina coleciona um currículo digno de muita experiência. Irmã caçula de Gabriel Medina, a adolescente também encontrou a sua própria forma de alcançar os bons resultados nas competições.
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Ainda sim, quem olha para Sophia Medina automaticamente reconhece os traços do irmão e o nome dele sempre acaba por ser lembrado. “Todo mundo conhece ele e todo mundo me conhece como a irmãzinha do Gabriel”, fala Sophia.
A jovem aprendeu a surfar por conta da influência do irmão. E apesar de reconhecer que se espelha no trabalho que Gabriel desenvolveu ao longo dos anos com Charles Saldanha (padrasto e ex-técnico de Medina), ela tem sua própria trajetória que também é fruto do seu mérito e dedicação.
“Às vezes eu até penso que queria ser mais reconhecida pela minha história, mas eu levo isso pelo lado bom, porque eu também tenho muito orgulho de ser irmã do Gabriel e eu jamais trocaria esse laço”, explica.
Em abril deste ano, a jovem, local da Praia de Maresias (SP), se consagrou campeã sul-americana da WSL e garantiu a vaga para correr o disputado Challenger Series. Mas, por incrível que pareça, o seu amor pela competição veio de um momento que muitos não tirariam muito proveito.
“Eu descobri que eu queria competir depois de perder uma competição, porque aquilo me fez ter muita vontade de querer ganhar”, conta ela que na altura tinha cerca de 10 anos. “Depois dali, eu fui percebendo que quando eu perdia era porque eu poderia aprender e quando eu ganhava eu poderia ir em busca de melhorar ainda mais para seguir vencendo”, completa.
A carreira profissional de Sophia Medina
Diante dos campeonatos amadores regionais, estaduais e nacionais, Sophia foi lapidando seu surf e descobrindo que seus objetivos poderiam ser cada vez mais ambiciosos. “Depois de competir vários amadores no Brasil, eu quis ir para o profissional e hoje eu corro QS, brasileiro e agora consegui chegar também no Challenger Series”, conta.
O Challenger Series é o circuito classificatório para o CT (Championship Tour). Atualmente, na categoria feminina, as competições contam com 64 competidoras, sendo que, ao final do ano, apenas as TOP 6 garantem o ingresso para a elite. Ou seja, além do altíssimo nível das atletas, são poucas vagas disponíveis para muita concorrência, o que torna o circuito um dos mais – se não o mais – difíceis do mundo.
“Depois que a WSL mudou o sistema de classificação para o CT, chegar no Challenger Series virou uma meta minha e eu nem acredito que isso aconteceu tão rápido”, conta ela. “Eu aprendi tanto que as vezes eu até esqueço que eu só to há 2 anos nos QS’s e como profissional”, finaliza.
Acostumada a viajar pelo mundo para disputar campeonatos, Sophia reconhece a importância das experiências como fonte de bagagem tanto para a vida profissional, como para a vida pessoal.
“Como qualquer surfista, eu tenho o sonho de ser campeã mundial, mas hoje no Challenger eu estou focada em aprender, pra que o resultado venha naturalmente”, comenta. “No fundo, a minha maior meta é ser melhor a cada dia”, finaliza.
Ao lado dos profissionais certos, Sophia concilia a escola, a vida social de uma adolescente de 17 anos e a profissão. “A partir do momento que você escolhe seguir uma profissão esportiva, você precisa abrir mão de muita coisa, mas ao mesmo tempo, na outra mão você também está recebendo aquilo que no fundo é o que você almeja de verdade”.
Consciente das suas escolhas, a jovem surfista estuda presencialmente e a escola compreende o seu cronograma de trabalho no surf. “Minha escola me ajuda bastante e a gente sempre avisa antes quando eu vou faltar para viajar e depois eu faço a minha parte de sempre correr atrás para recuperar”, conta ela que já está terminando o último ano da escola e vai poder focar 100% no esporte.
PASA Games 2022
Desde a última segunda-feira (7), o PASA Games 2022 começou a traçar os campeões Pan-americanos de surf. O evento conta com modalidades de SUP Wave, SUP Race, Longboard e short board.
Sophia Medina está na competição e conseguiu a vaga por estar no Challenger Series. Será a primeira vez que ela disputará medalhas pelo Brasil nesta competição e as expectativas são positivas. “É uma alegria enorme estar aqui junto com outros países e poder representar o meu”, conta ela. “A ondinha é boa e eu estou muito animada para dar o meu melhor e vamos ver se o resultado vem!”, finaliza ela.
As disputas da categoria feminina de shortboard começam amanhã, quinta-feira (11). Os Jogos PASA Panamá 2022 podem ser vistos ao vivo em www.pasasurf.org e no Pan Am Sports Channel.
*A repórter viajou a convite dos organizadores do evento.