QUEM VEM LÁ
Quanto mais ele ganha, mais detratores aparecem.
Medina não perdoa, vence.
A primeira foi em Fiji marola, enlouquecendo os adversários com a tática de arrastá-los pra longe do lugar certo de dropar e simplesmente surfando muito mais que todo resto.
Desta vez foi diferente, num mar com 8 pés de massarocas no melhor estilo rolo compressor, Medina mostrou que sua preparação física não é apenas eficiente – é fantástica.
E não apenas isso, seu 10 foi a onda mais espetacular surfada em todo evento.
Dito isso, vamos ao que foi a melhor e a pior semana da temporada da WSL em 2016…

TAJ JUVENTUDE SEXTA E SÁBADO
Ainda me lembro do garotinho cabeludo viajando com o pai em 1996, magrelinho, habilidoso e extremamente competitivo.
Todo mundo falava do moleque como futuro do surfe, Kelly já era o presente.
Taj tinha nome esquisito, usava prancha com logotipo do ursinho (Maurice Cole) e surfava numa velocidade alucinada.
Fez meia dúzia de 3 ou 4 finais na perna europeia e nós, o Cambito (mais aqui), registrávamos tudo levando fé no Binho e no Neco.
Taj classificou-se e abriu mão da vaga.
Passaram 20 anos e o garoto prodígio se transformou no maior ícone da geração pós Slater.
Quem lembra da batalha Taj x Andy no desafio que Jack McCoy criou no vídeo Wide Open?
Ninguém soube trabalhar tão bem a era de transição dos VHS para DVDs quanto Taj.
Faltava algo ali.
Ou talvez não faltasse nada… Era tudo apenas um excesso de expectativas em cima dum camarada que não queria compromisso.
Teve o Johnny Gannon, treinando duro, foram 9 vezes entre os top 5, duas vezes segundo colocado.
Mesmo com o sorriso, qualquer um podia enxergar a dor de não chegar até o fim em primeiro.
Foi um alivio Taj anunciar ainda no Quik Pro que iria parar com essa angustia sem fim.
Sua ultima bateria teve todos elementos duma saída triunfal, êxtase, tensão, euforia e uma enorme gratidão do seu adversário, mesmo derrotando o cara que ele, Florence, aprendeu a admirar – e por que não, imitar também…
Hora de voltar pra casa e cuidar da cria.
Obrigado Taj, foi incrível!

NUNCA É TARDE PARA PARAR
Depois de 8 dias de espera, Fiji mostrou o quanto a piscina do Kelly pode ficar sem graça diante da mais absoluta imprevisibilidade da natureza.
Nem Slater sabia o que ia acontecer a cada onda surfada.
E Slater conhece aquilo ali, Tavarua, como a palma da sua mão esquerda.
Deve ser difícil pra ele perder, nessas condições, no ano passado pro Ítalo e agora pro Medina.
Steve Shearer comparou esse momento que Slater se submete ao que aconteceu com Muhammad Ali no final de carreira.
Sua derrota para Larry Holmes doeu tanto nos fãs quanto qualquer outra.
A diferença é que Ali já não era mais o maior e precisava da grana das lutas, enquanto Slater é claramente o melhor naquelas condições – exceto por JJF, mas isso é outra história… – e não precisa mais da grana.
No nosso caso, para os brasileiros que não tem nada com as situações ridículas que Slater se coloca, o fato dele continuar no circuito só engrandece os pequenos triunfos do Medina, Mineiro, Ítalo e quem mais o atropelar nos próximos eventos.
Talvez seja necessário agradecer ao Careca por essas alegrias…

PASSO A PASSO
Precisamos falar sobre Wilko, um sujeito capaz de transformar ondas notas 10 em um 6.
Terceira final em 5 eventos…
Isolado em primeiro lugar, confiante embora ainda consiga ter a leveza de brincar com a situação.
Durante todo evento, Wilko não foi capaz de um único momento digno de atenção, mesmo quando batia Florence em ondas inacreditáveis.
Medina, seu companheiro na final, fez de tudo durante a quinta etapa, até mesmo quando não estava competindo chamava atenção – sua rabeada no Jordy rendeu mais que toda campanha do sul africano na temporada.
Chegamos quase na metade do circuito e todos surfistas já tem seus descartes, mesmo os Top 10, o que torna tudo mais interessante.
Já existem apostas no segundo título do Gabriel, com JJF em segundo e Wilko em terceiro.
Eu não sou louco de apostar em nada ainda, até Toledo, em 17º, pode terminar no topo do jeito que a coisa anda.
Wilko tá construindo seu castelinho, pedra por pedra.
Medina resolveu apelar para o trator e, com Tahiti, J. Bay e qualquer coisa que venha pela frente, pode atropelar e destruir o castelo que Glen Hall e Matt Wilkinson fizeram com tanto carinho – como se de areia fosse.

Eis que o ano recomeça.
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