21.4 C
Hale‘iwa
sexta-feira, 19 abril, 2024
21.4 C
Hale‘iwa
sexta-feira, 19 abril, 2024

Medina não perdoa, vence

 

QUEM VEM LÁ

Quanto mais ele ganha, mais detratores aparecem.

Medina não perdoa, vence.

A primeira foi em Fiji marola, enlouquecendo os adversários com a tática de arrastá-los pra longe do lugar certo de dropar e simplesmente surfando muito mais que todo resto.

Desta vez foi diferente, num mar com 8 pés de massarocas no melhor estilo rolo compressor, Medina mostrou que sua preparação física não é apenas eficiente – é fantástica.

E não apenas isso, seu 10 foi a onda mais espetacular surfada em todo evento.

Dito isso, vamos ao que foi a melhor e a pior semana da temporada da WSL em 2016…

Taj Burrow during his round three heat.
Taj Burrow se aposentou após um confronto memorável, repleto de high scores contra John Florence. O “autoaplauso“ na despedida, em grande estilo, foi para os 19 anos de serviços prestados ao surfe. Foto: WSL

TAJ JUVENTUDE SEXTA E SÁBADO

Ainda me lembro do garotinho cabeludo viajando com o pai em 1996, magrelinho, habilidoso e extremamente competitivo.

Todo mundo falava do moleque como futuro do surfe, Kelly já era o presente.

Taj tinha nome esquisito, usava prancha com logotipo do ursinho (Maurice Cole) e surfava numa velocidade alucinada.

Fez meia dúzia de 3 ou 4 finais na perna europeia e nós, o Cambito (mais aqui), registrávamos tudo levando fé no Binho e no Neco.

Taj classificou-se e abriu mão da vaga.

Passaram 20 anos e o garoto prodígio se transformou no maior ícone da geração pós Slater.

Quem lembra da batalha Taj x Andy no desafio que Jack McCoy criou no vídeo Wide Open?

Ninguém soube trabalhar tão bem a era de transição dos VHS para DVDs quanto Taj.

Faltava algo ali.

Ou talvez não faltasse nada… Era tudo apenas um excesso de expectativas em cima dum camarada que não queria compromisso.

Teve o Johnny Gannon, treinando duro, foram 9 vezes entre os top 5, duas vezes segundo colocado.

Mesmo com o sorriso, qualquer um podia enxergar a dor de não chegar até o fim em primeiro.

Foi um alivio Taj anunciar ainda no Quik Pro que iria parar com essa angustia sem fim.

Sua ultima bateria teve todos elementos duma saída triunfal, êxtase, tensão, euforia e uma enorme gratidão do seu adversário, mesmo derrotando o cara que ele, Florence, aprendeu a admirar – e por que não, imitar também…

Hora de voltar pra casa e cuidar da cria.

Obrigado Taj, foi incrível!

Kelly Slater. Foto: WSL
Kelly Slater, um apreciador de Cloudbreak, dava show até topar com o campeão Gabriel Medina. Foi nítido o desapontamento do 11x com derrota na semifinal. Para muitos críticos, KS seria outro a se aposentar no caso de uma vitória, que seria triunfal, em Fiji. Foto: WSL

NUNCA É TARDE PARA PARAR

Depois de 8 dias de espera, Fiji mostrou o quanto a piscina do Kelly pode ficar sem graça diante da mais absoluta imprevisibilidade da natureza.

Nem Slater sabia o que ia acontecer a cada onda surfada.

E Slater conhece aquilo ali, Tavarua, como a palma da sua mão esquerda.

Deve ser difícil pra ele perder, nessas condições, no ano passado pro Ítalo e agora pro Medina.

Steve Shearer comparou esse momento que Slater se submete ao que aconteceu com Muhammad Ali no final de carreira.

Sua derrota para Larry Holmes doeu tanto nos fãs quanto qualquer outra.

A diferença é que Ali já não era mais o maior e precisava da grana das lutas, enquanto Slater é claramente o melhor naquelas condições – exceto por JJF, mas isso é outra história… – e não precisa mais da grana.

No nosso caso, para os brasileiros que não tem nada com as situações ridículas que Slater se coloca, o fato dele continuar no circuito só engrandece os pequenos triunfos do Medina, Mineiro, Ítalo e quem mais o atropelar nos próximos eventos.

Talvez seja necessário agradecer ao Careca por essas alegrias…

Gabriel Medina rumo ao 10 do Round 4. Foto: WSL
Gabriel Medina rumo a nota 10 em Fiji. Espetacular, esse foi o terceiro 10 do brasileiro neste ano – os outros dois aconteceram no Rio de Janeiro. Com rabeadas e drops insanos, “daFreak“ está com sangue nos olhos! Foto: WSL

PASSO A PASSO

Precisamos falar sobre Wilko, um sujeito capaz de transformar ondas notas 10 em um 6.

Terceira final em 5 eventos…

Isolado em primeiro lugar, confiante embora ainda consiga ter a leveza de brincar com a situação.

Durante todo evento, Wilko não foi capaz de um único momento digno de atenção, mesmo quando batia Florence em ondas inacreditáveis.

Medina, seu companheiro na final, fez de tudo durante a quinta etapa, até mesmo quando não estava competindo chamava atenção – sua rabeada no Jordy rendeu mais que toda campanha do sul africano na temporada.

Chegamos quase na metade do circuito e todos surfistas já tem seus descartes, mesmo os Top 10, o que torna tudo mais interessante.

Já existem apostas no segundo título do Gabriel, com JJF em segundo e Wilko em terceiro.

Eu não sou louco de apostar em nada ainda, até Toledo, em 17º, pode terminar no topo do jeito que a coisa anda.

Wilko tá construindo seu castelinho, pedra por pedra.

Medina resolveu apelar para o trator e, com Tahiti, J. Bay e qualquer coisa que venha pela frente, pode atropelar e destruir o castelo que Glen Hall e Matt Wilkinson fizeram com tanto carinho – como se de areia fosse.

foto31 copy
A etapa de Fiji divide o Tour. A partir de agora todos os competidores podem reescrever a história de 2016. E isso vale para Medina que é 2 do ranking, como para Alex Ribeiro; que ainda não passou por nenhuma bateria neste ano. Vamos pra cima, que o time brasileiro está representando. Foto: POT

Eis que o ano recomeça.

CORNETA1200 FINAL FINAL
Mais textos da Corneta Julio Adler, via #COLLAB, AQUI.

Receba nossas Notícias no seu Email

Últimas Notícias