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Qual é a etapa preferida dos campeões mundiais?

Durante a segunda etapa do CT 2018, enquanto Ítalo Ferreira levantava seu primeiro troféu na elite, ouviu-se de um comentarista durante a transmissão ao vivo que “o surfista que vence em Bells Beach raramente se torna o campeão mundial no fim do ano” – como se houvesse alguma conexão lógica entre as duas coisas.

Isso nos trouxe duas dúvidas. Primeiro: é verdade que o campeão de Bells raramente se torna campeão mundial? Segundo: existe alguma etapa que tenha essa relação mais forte com o título? Se existe, qual é?

Enquanto a WSL não dá o sinal verde para a etapa de Margaret River, fomos atrás dessas perguntas.

Delimitamos um campo: os últimos 15 anos. Foi em 2003 que Kelly Slater voltou ao circuito e que passaram a ser contadas as duas melhores ondas em cada bateria, em vez de três, e também foi quando o calendário do chamado Dream Tour começou a se estabilizar mais ou menos nas mesmas etapas. O que descobrimos:

QUATRO VEZES o vencedor da etapa de Bells se tornou campeão mundial: Andy Irons em 2003 e Kelly em 2006, 2008 e 2010.

CINCO VEZES foi o maior número de coincidências entre o campeão de uma etapa e o campeão mundial do ano. Em três etapas: Gold Coast (Kelly em 2006, 2008 e 2011, Mick Fanning em 2007 e Gabriel Medina em 2014), Trestles (Kelly em 2005, 2008, 2010 e 2011 e Mick em 2009) e Hossegor (Andy em 2003 e 2004, Mick em 2007, 2009 e 2013).

MAIS DUAS ETAPAS também tiveram quatro vezes o seu vencedor coroado campeão mundial ao fim do ano: Fiji (Andy em 2003, Kelly em 2005 e 2008 e Medina em 2014) e Pipe (Andy em 2003, Kelly em 2008, Joel Parkinson em 2012 e Adriano de Souza em 2015).

O que nos levaria a crer que não, não existe uma “etapa do campeão”, nem qualquer relação lógica aparente entre algum evento em específico e a conquista do título mundial.

No entanto, sabemos que nem só de troféus de etapas é feita uma campanha de título mundial: Joel e John John (2016) terminaram o ano no topo do ranking tendo vencido apenas um campeonato, por exemplo.

Então aprofundamos um pouco mais a pesquisa, analisando todos os resultados dos campeões mundiais em cada etapa desde 2011, primeiro ano corrido inteiro com eventos de 36 atletas. A resposta à segunda das duas questões levantadas lá em cima começa a ganhar rosto.

PIPELINE, HOSSEGOR E GOLD COAST

Nos últimos sete anos, todos os campeões mundiais chegaram pelo menos às quartas de final destas três etapas. A mais inclinada aos campeões dos últimos anos é Pipe: de todos eles, só um não avançou à semi – John John, em 2016. Joel e Adriano foram campeões, Medina e John John (2017) foram vices, Kelly (2011) e Mick (2013) pararam na semi.

Na Gold Coast, só Joel e John John (2016) não fizeram pelo menos a semifinal ali no ano do título. Já na etapa francesa, os únicos que não chegaram à semi durante suas campanhas vitoriosas foram Kelly e Medina. 

ENTRE 2014 E 2017

Nesse período, o calendário se estabilizou definitivamente, sem a inclusão nem a saída de etapas. Neste ano já houve duas mudanças – Trestles e Fiji fora, Keramas e piscina de ondas dentro.

Quatro etapas não foram vencidas durante uma campanha de título mundial nesses quatro anos: Hossegor, Bells, Trestles e Jeffrey’s Bays. Mas na África do Sul todos os campeões chegaram ao menos nas quartas, assim como na França. 

NENHUM ÚLTIMO LUGAR

A conclusão é que é bem difícil estabelecer uma relação lógica entre uma das paradas do circuito e o título mundial, e cada lugar pode ter uma leitura: vários surfistas chegaram em Pipe precisando do resultado e só se tornaram campeões porque foram longe lá.

Também dá para dizer que vários dos campeões só se engrenaram e entraram de cabeça na briga porque começaram o ano com um ótimo resultado na etapa de abertura, na Gold Coast. Enfim, subjetividades.

Mas um dado é concreto: de 2010 a 2017, os surfistas que venceram o título mundial nunca ficaram em último. Em nenhuma etapa. Alguns começaram bem o ano (Mineiro), outros nem tanto (JJF em 2016); alguns venceram muitas etapas (Kelly, 4x em 2011), outros venceram pouco (Joel e JJF’17, só um título).

Duas coisas todos eles têm em comum: venceram pelo menos uma etapa e não ficaram em último em nenhuma. Em 2018, John John já começou o ano com um 25º. Será que o havaiano vai quebrar esse script?

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