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Controle de crowd: Papua-Nova Guiné estabelece limite de surfistas visitantes por pico

Aqueles que defendem que as ondas não tem dono, que são recursos naturais que pertencem a todos, certamente irão se sentir tolhidos no que consideram ser um direito universal

Ainda que não esteja na lista de destinos mais procurados por surfistas viajantes, a Papua-Nova Guiné, arquipélago localizado na Oceania, e situado ao norte da Austrália e leste da Indonésia, estabeleceu oficialmente um limite para número de visitantes por pico. Visando tornar o país mais atrativo para o turismo de surf, a Associação de Surf da Papua-Nova Guiné (SAPNG) pretende que a medida garanta um fluxo constante de surfistas atraídos pelo controle do crowd, garantindo ondas vazias para aqueles que decidirem se aventurar neste ainda pouco conhecido e belo país.

Com a explosão mundial do número de surfistas, grande parte dos picos mais famosos vem sofrendo com o excesso de pessoas na água. Ter que disputar ferozmente por ondas acaba comprometendo o prazer da experiência como um todo. Foi justamente pensando em preservar a sensação de companheirismo, e não rivalidade dentro d’água, que motivou a associação de surf local a introduzir medidas que asseguram que nenhuma onda vai ter mais surfistas do que comporta.

Criada em 1989, a associação tem como objetivo incentivar o turismo de surf, a fim de cultivar o desenvolvimento social e econômico da região, ao mesmo tempo que promove as melhores práticas em termos de conservação e melhoria dos ambientes costeiros.

Determinada a estabelecer um nível sustentável de turismo de surf, a SAPNG desenvolveu um Plano de Gestão de Áreas de Surf em determinadas zonas do país, que impõe uma restrição à quantidade de surfistas permitidos na área em cada momento. Dessa maneira, por mais que o lugar possa estar bombando nas redes sociais, sempre haverá a garantia de que o número de surfistas no pico será controlado.

Dave Ryan é o Diretor Geral do Vanimo Surf Lodge e membro do SA PNG. Vanimo está localizado no noroeste de Papua-Nova Guiné, a uma hora e meia de voo da capital Port Moresby. Ele explica que “Vanimo tem um limite de 20 surfistas ao mesmo tempo. O Plano de Gestão da Área de Surf analisa o que é sustentável sem ter um impacto negativo na comunidade”. 

Segundo Ryan, trata-se de encontrar um equilíbrio que sirva a todos envolvidos. “Queremos turismo suficiente para ajudar e apoiar a comunidade, mas tentamos mantê-lo mínimo para que não tenha quaisquer efeitos adversos”. Para cumprir esse objetivo, “a associação tem uma taxa de adesão única para todos os surfistas visitantes de $50 dólares australianos. O Plano de Gerenciamento de Surf cobra uma taxa diária de $15 dólares australianos. Isto vai para o fundo da aldeia em Vanimo e que por sua vez é distribuído aos proprietários de terras perto dos locais de surf. Cada um desempenha o seu papel e o resultado são dias felizes.”

Dave deixa claro que o conceito depende da cooperação e compreensão de todos na área. “Os surf lodges de cada área têm que controlar os números e quem não cooperar pode ser denunciado ao representante local. O mais bonito é que temos em média apenas seis a oito pessoas por dia durante a temporada, nunca atingimos o limite de 20 pessoas.”

Como já aconteceu antes em lugares como Tavarua, em Fiji, onde por décadas ondas de fama mundial, como Cloudbreak e Restaurants, foram fechadas para quem não estivesse hospedado na própria ilha, a medida pode gerar protestos. Aqueles que defendem que as ondas não tem dono, que são recursos naturais que pertencem a todos, certamente irão se sentir tolhidos no que consideram ser um direito universal. Do outro lado da discussão, estarão os que acreditam que o crowd está acabando com o prazer de surfar e algo deve ser feito. 

Fonte: https://tracksmag.com.au/news

 

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