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sábado, 7 setembro, 2024
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Estrela de Miguelito

Por Julio Adler

Final de tarde, campeonato encerrado, Miguel Pupo campeão do evento mais espetacular já realizado em águas brasileiras e Alfio Lagnado vai surfar.
A grande maioria dos empresários envolvidos com surfe estaria tomando cerveja ou comemorando o fim dum evento que foi do céu ao inferno em 5 dias.
O que podia dar errado nos bastidores, deu. E o que podia ter dado certo onde interessa, as ondas, também deu. As falhas na transmissão, ou mesmo a absoluta ausência dela, o estado temerário do palanque, as quedas de energia na praia, falta de sinal da internet, tudo conspirava pro desastre – menos as ondas.
Nos 5 dias de campeonato, a Cacimba não falhou e nos presenteou com ondas formidáveis que deixaram até havaianos impressionados pela qualidade.
Vocês sabem que os havaianos não costumam se manifestar a favor de muitas ondas fora do ciclo de ilhas do pacífico e Indonésia.
No quinto e último dia do Hang Loose Pro de Noronha, restava apenas duas semis e a derradeira final.
Na verdade o evento foi decidido logo na primeira semi, quando Miguel Pupo fez o que estava destinado a fazer, venceu de forma memorável.
Contra um Ricardo dos Santos determinado, Miguel não apenas ganhou, triunfou.
As notas foram, talvez, o de menos. O que estava em jogo era o título e o prestígio de bater o surfista que melhor e mais fundo entubou durante o evento.
Pupo precisava mostrar que não estava apenas sendo um competidor inteligentíssimo, ele queria provar a todos que também poderia entubar tão fundo e crítico quanto qualquer outro.
Foi exatamente o que ele fez.
Por muito pouco Pupo não fez dois 10, mais precisamente 0.23 o separaram dum 20 para entrar pra história.
Quando Pupo dropou aquela bomba no meio da semi final, a praia nem conseguiu fazer barulho, tensa com a situação, por alguns segundos que pareciam uma eternidade, Pupo escondia-se dentro da besta e corria numa velocidade alucinada. O silêncio foi quebrado pela explosão que seguiu-se quando Miguelito emergiu imponente, rasgadinha pra ajeitar e um aéreo pra finalizar.
Os juízes não demoraram mais que alguns segundos pra soltar um 10 unânime.
Nem falei do 9.77… Basta dizer que um dos juízes a premiou com 10.
De manhã cedinho, surfando antes de começar o evento, o head judge Luli Pereira comentava que esse foi sem dúvida o melhor dos eventos já realizados no Brasil, WTs inclusos e um dos melhores WQS (seja lá como chamam esses campeonatos) que já tinha presenciado.
Foram afinal 82 ondas no critério de excelente, um número de respeito.
Jean da Silva fez sua segunda final em Noronha surfando com maturidade e intimidade invejável.
Não venceu porque Pupo tinha campeão escrito por todo lado antes de começar a final. O que prevíamos ontem, aconteceu.
Tudo que Miguel foi de discreto nos outros dias estava guardado para brilhar no momento mais importante da semana.
Grandes campeões tem essa característica decisiva, quando chega a hora do vamovê, ele vão lá e cumprem seu destino. Vejam Slater, ou Romário, Guga, Ronaldo, Ali…a lista é grande.

Fui surfar

Final de tarde, sol morrendo majestoso no mar de águas cristalinas, uma semana pra não sair da nossa memória (façam a gentileza de assistir os highlights) e Alfio fez a única coisa que o motiva para insistir tanto tempo, 26 anos, apostando no surfe profissional – Alfio foi surfar.
Com o perdão da auto referência, eu, que tambeem sou filho de Deus, também fui.
Já faço planos pra voltar em 2013.

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