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Câmera na Prancha

Texto e fotos por Nathan Myers.

Uma gota d’água pode arruinar tudo. Um raio de sol pode transformar o medíocre em mágico. Momentos perdidos e nada milagrosos. Você realmente nunca sabe. Por isso as câmeras não param de gravar.

Um a um, os surfistas chegam à beira da praia.

Taylor Steele reúne-se com eles ali. Barbado. Concentrado. Passando tarefas. Pequenas caixas cinzas com olhos digitais inchados. O campeão indonésio, Marlon Gerber, ganha um bastão de extensão com entradas duplas para câmeras 3D gravarem foto e vídeo ao mesmo tempo. O artista rebelde Lee Wilson fica com um encaixe que filma em primeira pessoa na mochila, preso ao seu peito, para ficar flutuando acima do ombro. O acrobata balinês Garut Widiarta fica com um encaixe para o queixo e uma extensão dupla para o bico da prancha. E, finalmente, o já veterano câmera de dentro de tubos, Mikala Jones, carrega na mão sua própria caixa feita em casa e um encaixe tipo escorpião para a rabeta da prancha. Não há um cameraman à vista. Apenas esses surfistas.

Taylor conversa com cada um em particular. São pequenas dicas: não use a mão para desacelerar na onda, lembre-se de lamber a lente frequentemente, entube muito. Ele verifica os equipamentos uma última vez e os envia ao trabalho. Uma maneira muito estranha de filmar. Sem tripé. Sem lentes. Sem um cara na água. Sem controle. Sem noção. Só prepare-os e assista. Você nunca sabe o que vai conseguir.

Ele parece nervoso, bem concentrado. Andando pela praia enquanto seu trabalho é feito por um bando de tuberiders moleques de terceiro mundo. Seu filme de GoPro é a última coisa que qualquer um esperaria.

Você realmente está fazendo tudo com GoPro?”, eu pergunto. Taylor mexe em sua barba, esperando a série. Desde que o conheço, duas coisas se mantiveram constantes: tudo vai mudar. E, de alguma forma, vai funcionar.

Você sabe que aqueles negócios filmam com um ângulo muito aberto, certo?”, eu digo. Taylor está imune ao meu sarcasmo. Uma série está tomando forma no horizonte. Grande e encorpada, cavada e perfeitamente imperfeita. Conforme ela dobra sobre a bancada rasa, os surfistas atacam o momento, dropando, atrasado com câmeras na boca, segurando na mão conforme entram embaixo do lip. Não chacoalhe. Não coloque a mão na água. Não espirre água. Saia limpo do tubo. Não é fácil: dois dos quatro saem.

Você acha que algum daqueles vai para o filme?”, pergunto.

Você nunca sabe”, responde Taylor.

*Essa matéria é um bônus da HC de janeiro, onde você pode acompanhá-la na íntegra.

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