24.7 C
Hale‘iwa
quarta-feira, 24 abril, 2024
24.7 C
Hale‘iwa
quarta-feira, 24 abril, 2024

Um mergulho na história de Bells Beach

CAMPEONATO MAIS TRADICIONAL de todo o circuito mundial de surf começa amanhã. Após alguns resultados chocantes na etapa de abertura – leia-se: as eliminações de Medina e John John nas primeiras fases -, o Rip Curl Pro Bells Beach pode, incrivelmente, decidir já muita coisa na corrida pelo título mundial de 2018, mesmo sendo apenas a segunda parada.

Jordy Smith defende o título e Julian Wilson, a liderança do ranking atual. Mas, antes de olhar para frente, vale a pena relembrar alguns dos fatos que ajudaram a construir a história do campeonato em Bells e que fazem deste campeonato sempre um momento especial na história do surf.

VEJA TAMBÉM: Comenta Cako: Apostas para Bells Beach

“O mais tradicional”

O mundo do surf e sua cobertura – assim como a grande maioria das coberturas jornalísticas – frequentemente recorre a hipérboles e exageros para vender seu peixe. Não é o caso quando falamos de Bells. Disputado todo ano, ininterruptamente, desde 1961 – e profissionalizado em 1973 -, é o campeonato de surf mais tradicional em atividade.

Tal longevidade faz com que o icônico troféu tenha cravada uma lista de campeões com os mais célebres nomes do esporte: desde Michael Peterson e Jeff Hakman até Mick Fanning e Adriano de Souza, passando no caminho por Tom Curren, Tom Carrol, Martin Potter, Sunny Garcia, Mark Occhilupo, Kelly Slater e Andy Irons, entre outros. Shane Dorian, ao subir ao topo do pódio em 1999, resumiu: nenhum prego jamais venceu em Bells.

O mundo conhece a triquilha

Foi no Rip Curl Pro de 1981 que o australiano apresentou ao mundo uma das invenções mais revolucionárias da história do surf. Seu modelo thruster tinha três quilhas em vez de duas e um pouco menos de área que as pranchas da época. Com projeção, controle e velocidade, Anderson se sobressaiu sobre todos os competidores em condições que variaram, ao longo do evento, entre marolas de 1 a 2 pés e vagalhões na casa dos 12 pés. Sua vitória em Bells Beach em 1981 se tornaria um marco na história do surf.

Curren vs Occy

Em 1986, Tom Curren e Mark Occhiluppo protagonizaram uma das baterias mais clássicas da história do circuito mundial de surf. Ambos no auge de sua forma, mar com boas condições e uma rivalidade que cativava o mundo do surf: um americano, outro australiano; um calado, outro extrovertido; um regular, outro goofy; uma linha clássica e polida, outra radical e agressiva.

A semifinal de Bells Beach em 86 foi um marco na carreira de Curren, que venceria, pouco depois, seu primeiro título mundial, e do próprio surf em competições, ao sedimentar um dos maiores duelos de todos os tempos.

Teco Padaratz: primeiro brasileiro na final

O ano era 2000, Kelly Slater estava fora do circuito e a perspectiva de novos nomes se inserirem na disputa pelo título mundial era mais forte do que nunca. Teco Padaratz aproveitou a segunda etapa para apresentar suas credenciais. Venceu Beau Emerton, Richie Lovett, Shane Beschen e Taj Burrow para levar pela primeira vez na história, a bandeira brasileira à final de Bells Beach. Por dois pontos, numa época em que ainda se somavam as três melhores ondas, o troféu de Bells ficou com Sunny Garcia, seu segundo no ano. O havaiano mesmo terminou o ano como campeão mundial, e Teco, como o 10º melhor surfista do mundo.

Silvana Lima faz história toca o sino

A primeira vez que a bandeira brasileira subiu mais alto que todas as outras em Bells foi em 2009, içada às alturas por uma performance histórica de Silvana Lima. Era a primeira vitória da cearense no circuito mundial e não poderia ter sido melhor.

Em boas ondas de até 3 pés, atropelou a campeã mundial de 2005, Sofia Mulanovich, na semi. Na final, contra a então bicampeã mundial Steph Gilmore. A média alcançada por Silvana na decisão contra Steph – 17,34 pontos – é até hoje a mais alta da história do evento feminino em Bells*.

Adriano de Souza quebra tudo

O ano era 2013 e a Brazilian Storm vivia um momento de decisão: após explodir em 2011, com vitórias do próprio Adriano, no Rio e em Portugal, e do novato Gabriel Medina, na França e em San Francisco, o Brasil teve um ano quieto em 2012, sem vitórias. Em 2013, o capitão chamou a responsa logo no começo do circuito. Foi a primeira vitória brasileira no CT masculino em Bells com uma atuação espetacular de Mineiro em todo o evento.

A energia era tanta que, na comemoração, Adriano levou um pequeno susto e arrancou alguns risos: chacoalhou tão forte o troféu que o sino se desprendeu e caiu no chão. Não foi a primeira vez que isso aconteceu e pode ser que não seja a última. Mas até aparecer alguém com a mesma vontade de ganhar do Adriano de Souza, sabemos que vai demorar um pouco.

A despedida de uma lenda

Mick Fanning é uma lenda do esporte sua história no surf se deve muito a sua relação particular com Bells Beach. É a casa de seu patrocinador, o local onde ganhou sua primeira etapa e, agora, após conquistar três títulos mundiais e com o nome gravado entre os grandes de todos os tempos, o evento que escolheu para despedir-se do surf competitivo.

Mick também é um dos maiores vencedores da história de Bells, com quatro troféus – um recorde dividido apenas com Kelly Slater e Mark Richards. Com a ausência de Kelly nesta edição, o velho garoto de Cooolangata tem a chance de dar adeus ao CT e tornar-se, ao mesmo tempo, o surfista mais vitorioso do campeonato mais tradicional do surf. Sentiu a expectativa? Nós também.

A primeira chamada para o Rip Curl Pro Bells Beach acontece nesta terça, às 17 horas (horário de Brasília).

*Desde que passaram a computar-se as duas melhores ondas em vez de três.

Receba nossas Notícias no seu Email

Últimas Notícias