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O Rio de Janeiro (ainda) continua lindo

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* Foto de abre: Oi Rio Pro 2015, praia lotada e público recorde nas areias da Barra. Crédito: WSL 

1. SE ORIENTA, DOIDÃO!

Amanhã, 10 de maio, começa a janela do Oi Rio Pro, a 4ª etapa do Mundial de Surfe, que mais uma vez será realizado nas ondas do Rio de Janeiro. A Cidade Maravilhosa, como é conhecida a capital carioca, vem sendo palco de diversos eventos esportivos nos últimos anos – Jogos Pan-americanos, Copa das Confederações, Copa do Mundo, Mundial de Surfe e, em agosto, será dos Jogos Olímpicos.

Se você achou isso muito legal, deveria mesmo. Afinal, é normal imaginar que uma cidade que receba tantos eventos desse porte tenha lucrado com um legado incrível e esteja agora em outro nível, anos luz a frente de quando tudo isso começou. Ledo engano, meu caro. O Rio de Janeiro acabou! Na última década, o que vimos foi uma farra de obras mal planejadas e mal executadas, roubalheiras e muita, mas muita maquiagem. Algumas máscaras já começaram a cair, mas, sinceramente, tenho medo do que está por vir após as tão faladas Olimpíadas 2016. Se você está se enganando com esses políticos sem vergonha que assumiram a cidade e o estado do Rio de Janeiro, digo apenas uma coisa:

Se orienta, doidão! O Rio de Janeiro acabou!


2. PÃO E CIRCO OU SURFE PERFORMANCE?

Voltemos ao surfe e ao campeonato que está por vir. Todo mundo sabe que a etapa do Brasil não tem as melhores ondas e que a performance na água não é o mais importante. Aqui, até tem surfe e algumas ondas divertidas, mas para uma empresa privada, que precisa do lucro para sobreviver, o mais importante numa etapa como a do Brasil ou Portugal é o marketing e todo o barulho que a WSL consegue fazer, proporcionando um espetáculo quase “gratuito” para os que realmente alimentam essa ainda nichada, mas em desenvolvimento, indústria do surfe.

Quem não se lembra do show de Filipe Toledo nas ondas do Postinho em 2015, com mais de 50 mil pessoas testemunhando e vibrando loucamente nas areias! Pois é, a expectativa para essa etapa era parecida e, pelo menos no começo do ano, tudo indicava que teríamos algo parecido, quiçá maior. Mas como disse acima, algumas máscaras começaram a cair antes do tempo.

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Foto do palco do Postinho, na Barra, que teve de ser desmontado por conta das fortes ressacas. Barra passou a ser palco alternativo (que ganhou uma estrutura menor) e Grumari, o palco principal. Foto: WSL / Thiago Diz

Não sei se os que guardaram na memória os aéreos rodando de Filipinho e toda a festa da galera também se esqueceram das manchas de esgoto que atingiram as águas do Postinho. Ou do cancelamento do palco alternativo em São Conrado semanas antes, também por conta da poluição. Ou, talvez, das reclamações de alguns surfistas, afirmando que passaram mal, novamente devido à qualidade da água. Eu não esqueci! Nem eles!

E esse ano começou com um ultimato de alguns surfistas, seguido de uma ressaca providencial, que derrubou parte do palanque principal e obrigou a transferência para a Praia de Grumari. Talvez isso venha para o bem de todos e da própria etapa, que pode significar uma mudança total de paradigma, ficando marcada como o ano em que a relação dos seres humanos (cidadãos e governantes) com a natureza mudou.. Ou, quem sabe, como uma indicação do começo do fim e de uma era de campeonatos em surf cities urbanas!


3. GRUMARI É LOGO ALI (?!)

Grumari, agora o palco principal do evento. Foto: Ivan Serpa / @altasproducoes
Grumari, agora o palco principal do evento. Foto: WSL / @ivan serpa & @yuneskhader / @altasproducoes

Que as ondas em Grumari são melhores e mais constantes que no Postinho ninguém duvida. Nem que a qualidade da água é infinitamente superior. Estamos falando de uma Área de Preservação Ambiental (APA), um local de difícil acesso, afastado dos grandes centros comerciais e residenciais, onde nem celular funciona.

Mas peraí, e o show de graça pra galera nas areias? E a chuva de posts, likes, comentários e hashtags no Facebook e Instagram? E aquela “bagunça” que vimos em 2015 e que sustentou a realização de uma nova etapa nas praias cariocas? Pois é! Aquí é onde entram alguns questionamentos:

Quem vai ter acesso à Grumari e como (por se tratar de uma APA, só é permitida a entrada de 600 carros em Grumari. A WSL já avisou que irá disponibilizar vans para facilitar o acesso)? Aonde comer e beber (a praia oferece pouquíssimas opções fixas e quase nenhuma móvel)? E a Internet ou o sinal de telefone (até hoje, nunca teve, mas parece que haverá um tratamento especial por parte da Oi, patrocinadora do evento)? E, por fim, se as finais do campeonato forem no domingo, será que a praia vai cair? Só tempo irá dizer.

Pode ser que tudo isso funcione, que dê altas ondas e que tudo o que estão dizendo sobre o Rio mude completamente! Quem sabe haja um resgate do verdadeiro espírito do surfe, onde a conexão e o respeito com a natureza volte a figurar como elemento principal de integração, sem tanto aquela necessidade de se fazer Snapchats de cada espirro dado na praia.

Ou, pode ser que dê tudo errado, Netuno não colabore, o público apresente seu cartão de visitas de péssima educação (deixando lixo na praia, estacionando em fila dupla e locais proibidos, desrespeitando o espaço dos surfistas etc) e o Rio deixe de ser uma parada do Tour. Resta torcer. A ver.


4. O QUE ESPERAR DA TEMPESTADE BRASILEIRA

Os surfistas brasileiros tiveram um começo de ano bem fraco, totalmente diferente dos últimos dois, quando chegamos nessa prova com um dos nossos portando a lycra amarela (destinada ao líder do ranking) – primeiro com Gabriel Medina e, depois, com Adriano de Souza. Agora, o dono dela é Matt Wilkinson e o melhor brasuca é o Ítalo Ferreira, que ocupa a 3ª colocação. Depois, temos Caio Ibelli, em 6º. Mineiro e Medina aparecem em 13º (empatado com Wiggolly Dantas) e 18º, respectivamente. O atual campeão dessa etapa, Filipe Toledo, está empatado com Gabriel, mas já tem seus dois descartes, pois ficou de fora de Bells e Margs devido a uma lesão. Miguel Pupo (23º), Jadson André e Alejo Muniz (28º) e Alex Ribeiro (34º) completam a lista.

Esquece isso tudo. Tenho para mim que temos muitas chances de levar o título da prova, até porque não vejo ninguém capaz de assustar. Wilko ficou em terceiro no ano passado e pode ser que dê trabalho novamente, mas continuo apontando Ítalo, Filipinho, Medina e Mineiro, nessa ordem, como favoritos na frente de qualquer um. Vou cravar: Ítalo Ferreira ganha essa etapa e subirá no topo do pódio de uma etapa do Circuito Mundial de Surfe primeira vez em sua carreira.


5. O QUE ESPERAR DO RESTANTE

A temporada de 2016 está muito atípica. Wilko ganhou duas etapas, depois de 7 anos de jejum. A terceira, ficou com Sebastian Zietz, um cara que só entrou na lista dos Top-34, porque um monte de gente se machucou. A dupla aparece em primeiro e segundo lugares, respectivamente, no ranking geral. Mick Fanning está fora. Owen Wright, idem. Taj Burrow e Joel Parkinson já anunciaram que não devem vir para o Rio. John John Florence e Julian Wilson não estão tendo um grande ano. Kelly Slater, nem se fala.

Enfim, pode ser que o ano só comece agora. Todos esses nomes (inclusive os brasileiros do tópico 4) têm chances de se dar bem aqui e uma vitória de um deles pode mudar completamente o curso da história. Se Wilko levar mais essa (o que acho bem improvável), dificilmente perde o caneco. Se João ou Juliano chegarem na frente, embola tudo. Se for Filipe, Gabriel ou Adriano, loucura, loucura!

Como falei acima, acredito no Italote, mas não descarto boas performances dessa galera. E já que o ano está bem louco, não ficarei surpreso se um Conner Coffin ou Nat Young da vida se derem bem. Ah, e nunca se esqueça de Jordy Smith. O sul-africano já venceu por aqui e tem um surfe que se adapta em quase todas as condições. Vai saber, né?

A única certeza que tenho é que vai ter Fantasy e vai ter Brownie do Luiz, plaquinha do Respeite um Carro a Menos e Handplane da Jacaré Handplanes para os melhores da Liga do Comenta Cako. No fim do ano, ainda tem prancha de surfe para o melhor dos melhores! Entra aqui, faz teu time e brinca com a gente. Quem sabe você ainda não leva uns prêmios para casa?!

Gustavo Migliora, o ComentaCako, em uma session de comentários durante a transmissão da WSL. Foto: Divulgação
Gustavo Migliora, o ComentaCako, em uma session de comentários durante a transmissão da WSL. Foto: Divulgação

Bônus 1: Não tem nada mais maneiro que uma etapa no quintal de casa. Seja no Postinho, em Grumari ou em qualquer outro pico carioca, poder acompanhar ao vivo e a cores, in loco, todo esse show de surfe é privilégio para poucos. Espero que essa etapa NUNCA saia do Rio de Janeiro e torço muito para que dê tudo certo. Mesmo achando que o Rio não merece ser sede de nada, por toda a roubalheira e escrotidão de nossos governantes, a maioria não tem culpa e a verdade é que somos as vítimas disso tudo!

A alegria no rosto da galera que pode ir até a praia (num programa ainda gratuito), torcendo e vibrando, não tem preço. Para quem ainda está planejando vir, clica aqui e dá uma olhada em algumas sugestões de hospedagem.

Para os que não poderão vir, darei o meu melhor para tentar passar todas as emoções. Fiquem ligados no Comenta Cako, que estarei com boletins diários no Facebook. Sempre trazendo o surfe como ele é: sem politicagem e sem pela sacagens!

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