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O CT 2019 após quatro etapas: quem segura JJF?

Concluída a primeira perna do Circuito Mundial, recapitulamos as quatro etapas para traçar um cenário do CT 2019 até agora

Por Fernando Guimarães

O Margaret River Pro encerrou-se nesta terça, definindo uma primeira configuração geral do ranking do Circuito Mundial de 2019. Para quem assiste sob a ótica da torcida pelos surfistas nascidos no Brasil, esta primeira perna foi um verdadeiro banho de água fria, especialmente se comparada ao incrível ano de 2018: apenas uma vitória, duas finais seguidas sem brasileiros, apenas dois surfistas no Top 10, apenas um no Top 5. O maior campeão do país na 12ª posição.

Isso pode ter a ver com uma volta à normalidade após um ano atípico mas também tem muito a ver com o retorno daquele que hoje lidera o circuito.

O nível de surfe mostrado pelos atletas da elite mundial em 2019, até agora, passou por altos e baixos. E a arbitragem parece mais confusa do que nunca, distribuindo resultados questionáveis com uma frequência raramente vista — e isso independe da bandeira pela você torce, se é que torce por alguma.

Como essas informações foram entregues a nós até agira? Mostraremos por etapas. Literalmente.

Quiksilver Pro Gold Coast

Um começo espetacular para o ano. Um dia após a realização do Red Bull Airborne, Italo Ferreira, Yago Dora e Gabriel Medina obliteram completamente o campeonato de aéreos da WSL. Em suas baterias de meia hora, os brasileiros completaram mais e melhores manobras aéreas do que os especialistas convidados para o evento de Josh Kerr conseguiram fazer em dois dias inteiros de tentativas.

O ano começa, entretanto, já com o painel de juízes sobre forte escrutínio. John Florence recebeu a vitória em uma bateria em que Conner Coffin completou uma manobra espetacular para vê-la receber uma das mais cruéis subvalorizações do palanque em anos recentes. Na final, um ambiente de revolta generalizada do mundo não-brasileiro tomou conta de fóruns e redes sociais após a virada de Italo Ferreira sobre Kolohe Andino em um mar que beirava o insurfável em D-Bah.

Campeão: Italo Ferreira
Vice: Kolohe Andino
Outros destaques: Gabriel Medina, Yago Dora, Reef Heazlewood
Cobertura aqui.

Rip Curl Pro Bells Beach

Sabe qual foi a atuação mais sensacional, impressionante mesmo, da etapa de Bells? Kieren Perrow. O campeonato tinha tudo para ser um dos piores do ano mas foi salvo por uma aposta ousada do diretor de eventos. Esperou uma ondulação monstruosa chegar e colocou quatro surfistas na água, com baterias simultâneas de cinquenta minutos. Foi o melhor dia da WSL em 2019 até agora.

Ondas enormes e desafiadoras em um mar assustador separaram dois surfistas do restante do circuito: John John e Medina, os únicos a tratarem as enormes ondas em seus termos, com atuações históricas. O seeding baixo do havaiano colocou a dupla frente a frente numa precipitada bateria de quartas de final, onde a despeito do show de surfe os juízes mais uma vez ganharam holofotes com um julgamento de difícil compreensão. Outros destaques: Italo Ferreira em um dos maiores perrengues da sua vida e Filipe Toledo correndo na sombra para chegar a uma importante final, onde foi derrotado por JJ.

Campeão: John Florence
Vice: Filipe Toledo
Outros destaques: Gabriel Medina, o perrengue de Italo
Cobertura aqui.

Corona Bali Protected

Novamente um evento assolado por condições ruins nos primeiros dias e salvo por uma boa chamada de KP no dia final. Keramas foi marcado pelas derrotas precoces de praticamente todos os candidatos ao título e pelo ressurgimento, com todos os méritos, do melhor surfe e da melhor faceta competitiva de Kelly Slater.

Na bateria mais simbólica, o onze vezes campeão mundial passou por Filipe Toledo como se fosse Taj Burrow em 2006. Falou o que quis antes da bateria, atraiu o rival para um jogo de tubos em vez das manobras e venceu o cara com o surfe mais moderno e impressionante do circuito. Kanoa Igarashi foi o campeão e forçou o questionamento: sua primeira vitória é a vitória de um Adrian Buchan, de um Willian Cardoso, de um Jeremy Flores? Ou é a primeira vitória de um Filipe Toledo, de um Julian Wilson, de um Adriano de Souza, de um… John John? Medina?

Campeão: Kanoa Igarashi
Vice: Jeremy Flores
Outros destaques: Kelly Slater, Michael Rodrigues
Cobertura aqui.

Margaret River Pro

Um campeonato no começo, outro no meio e outro no fim. No começo, todos ainda na etapa para surfar ondas pequenas no Main Break; no meio, uma peneira sinistra na bancada assassina de The Box; no fim, Main Break grande e selvagem.

Você pode discordar do resultado de alguma bateria mas é difícil argumentar contra o fato de que John John foi o melhor surfista de todo o campeonato.

Kolohe Andino se reinseriu (ou é a primeira vez?) numa briga pelo título mundial com mais uma final, apesar de ser mais uma derrota. É claro que o antigo golden boy e hoje competidor-meio-frustrado quer sua vitória, mas às vezes um título mundial não precisa delas — ver Joel Parkinson em 2012.

Julian Wilson cavou um bom resultado e pode ter espantado a maré de azar e insegurança.

Mas a melhor história é a de Caio Ibelli. Derrotou Gabriel Medina, Kelly Slater e Jordy Smith em sequência, surfando muito, muito, e em todas as diferentes condições. E encerrou uma batalha psicológica que vinha enfrentando contra um adversário sem rosto desde que perdeu o wildcard para Slater e Florence e resolveu criticar abertamente a WSL.

Campeão: John Florence
Vice: Kolohe Andino
Outros destaques: Caio Ibelli, Jack Robinson, Seth Moniz
Cobertura aqui. 

Ranking CT 2019: Top 10 após 4 etapas:

  1. John John Florence – 27,415 pontos
  2. Kolohe Andino – 21,675
  3. Italo Ferreira – 20,820
  4. Kanoa Igarashi – 19,960
  5. Jordy Smith – 18,245
  6. Filipe Toledo – 17,195
  7. Ryan Callinan – 15,480
  8. Conner Coffin – 14,705
  9. Kelly Slater – 14,415
  10. Seth Moniz – 14,140

Demais brasileiros: 12º Gabriel Medina, 17º Michael Rodrigues, 18º Willian Cardoso, Peterson Crisanto, 20º Caio Ibelli, 22º Yago Dora, Deivid Silva, 25º Jesse Mendes, 33º Jadson André, 38º Mateus Herdy, 40º Adriano de Souza

Próxima etapa: Oi Rio Pro, em Saquarema, entre os dias 20 e 28 de junho. Assim como Margaret River, uma evento com dois palcos e ondas com características muito diferentes: uma esquerda longa e volumosa de um lado, uma direita quadrada e insanamente rápida do outro. Campeão em 2017: Filipe Toledo. Vice: Wade Carmichael. Outros destaques: John John Florence, Ian Gouveia.

 

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