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HARDCORE #324 • DEZEMBRO/16

Na capa da HARDCORE de dezembro, Ítalo Ferreira sobrevoa Off-The-Wall, fotografado por Henrique Pinguim – imagem que conduz ao especial da temporada havaiana 16/17, “Bombas, poke e calmaria”.

A entrevista do mês é com Álfio Lagnado, surfista paulistano e fundador da Hang Loose, que se endividou para fazer o campeonato que mudaria o surf brasileiro para sempre: o Pro Contest de 1986 – quando o World Tour parou na Joaquina. No 10 Perguntas, Álfio visualiza o futuro para além da crise econômica.

Outro empreendedor que ocupa as páginas desta edição é Matt Biolos, o “Mayhem”, shaper californiano e criador da …Lost – que ganhou o mundo ao desenvolver pranchas específicas para todo tipo de surfista, de campeões mundiais a surfistas do cotidiano.

Da sala de shape passamos para o cinema: um artigo de bastidores sobre o Mimpi Film Festival e entrevistas com cinco grandes destaque deste ano no audiovisual do surf: Raphael Tognini e Carol Bridi (Flamboiar), Bruno Zanin, Mark Daniel e Junior Faria.

Já no Journal, a HC conta com um raio-x sobre o Pipe Masters; entrevista com Marcio Gerba, diretor do documentário Uma Gota, uma investigação com o objetivo de instigar a consciência ecológica, em prol da sobrevivência do oceano; V Rocky Man e prancha mágica do campeão da etapa de surf, Peterson Crisanto; uma seleção de equipamentos essenciais para todo surfista nesse verão.

Ainda tem as colunas de Marina Werneck e Steven Allain, Lay Day, Yago Dora, John John e mais!

HC 324 – já nas bancas! Garanta a sua!

 

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Tanto na vida quanto nos negócios, o mais legal de tudo é “enjoy the ride”.  O mais importante é o caminho que você traça.

10 Perguntas: Álfio Lagnadopor Steven Allain

HC: Álfio, agora que já se passaram alguns dias do evento, o que foi de mais valioso para você nessa celebração dos 30 anos do Hang Loose Pro, com desfecho surreal em Florianópolis?
Álfio: Eu acho que o mais valioso, teoricamente, foi um WQS de muita força. Mas o fato de ele estar há 30 anos na Joaquina foi um movimento muito forte. Porque as várias pessoas que trabalharam no primeiro evento estavam lá novamente – seguranças, juízes e pessoas envolvidas com o surf, a comunidade. O estágio em que o surf estava 30 anos atrás, o estágio em que o surf está hoje, com os campeonatos (títulos) mundiais brasileiros, e a galera que trabalhou no evento totalmente envolvida com surf de alguma maneira – um técnico, um juiz, um organizador, um presidente de federação… Todas essas pessoas, em sua grande maioria, 30 anos depois, continuam vivendo com surf. Pra mim foi um momento muito intenso de reflexão, de tudo o que aconteceu. Acho que esse foi o ponto mais marcante. Além do óbvio, que é o flashback de estar lá o logo (da Hang Loose) antigo, de estar toda a confraternização presente, muito legal. Estávamos todos felizes, Eu, o Flávio Boabaid, o Xandi Fontes, entre outros, que tinham ilusões de moleques, correndo há 30 anos naquele sonho louco, com vinte e poucos anos de idade para fazer um evento, uma loucura. E hoje todo mundo estabelecido, três décadas depois. Uma baita sensação de dever cumprido. A bola e as ondas estão rolando, a vida segue.

 

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Passamos por uma mudança metódica e lenta [nos shapes]. você não vê essa mudança enquanto está acontecendo. É como a evolução das espécies.

O anti-shaper, por Kevin Damasio

HC: Em 1992, você criou a …Lost. Por que decidiu ter sua própria marca?
Matt Biolos: Por que não? Quem quer ser empregado? Eu não quero trabalhar para outra pessoa. Se eu tenho criatividade e ideias, por que vendê-las para outra pessoa? Use-as para si mesmo. Comece sua própria marca. A anti-marca. E se dê uma chance. Você pode perder, falhar, ter sucesso, mas pelo menos fará por si próprio.

Como era a indústria do surf nessa época?
A indústria do surf era muito menor. Não existia máquina. Tudo era shapeado à mão. As pranchas não eram tão boas. Não eram nem de perto o que desejávamos. Eram mais simples, mais grossas. Muitas pranchas ruins. Era realmente difícil ver as pranchas dos surfistas profissionais, assim como aprender sobre o design. Não havia Google. Nem vídeo, internet, nada. Aprender era muito difícil. A qualidade permanecia baixa. E, então, as máquinas começaram a aparecer. Você conseguia fazer a mesma prancha mais e mais vezes, com alterações sutis. E depois a internet veio e você conseguia estudar o surf de todo mundo [estala os dedos] rapidamente. No mesmo dia. No mundo todo. Em diferentes ondas. Você não precisava mais esperar três meses pela revista, ou então um ano pelo filme. [estala os dedos duas vezes] Assim que a internet surgiu, as pranchas e o surf ficaram muito melhores. Garotos brasileiros, franceses, taitianos, o que for – com a internet, a molecada conseguiu ver exatamente o que faziam os australianos, americanos e havaianos [estala os dedos duas vezes] imediatamente. E então remaram para o outside e bam, bam! Começaram a alcançar o ritmo.

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Tenho na minha cabeça que dá para reviver isso, de as pessoas lembrarem da música e ligarem a teu filme. Isso é muito vibe e tomara que consigam sentir isso com meu filme.

Meu primeiro Mimpi, por Steven Allain/entrevistas Kevin Damasio

Se no começo a chuva incomodou, a partir do segundo dia o público acolheu a vibe de festival e se esbaldou na lama – não foi Woodstock, mas teve gente dançando debaixo de chuva num baita lamaçal até o sol raiar. Alguns livraram-se da lama ali mesmo, com um mergulho na piscina.

Outro fato que me impressionou foi como as galeras do skate e do surf estavam em harmonia. Tribos que antes tinham pegadas muito diferentes, parecem estar cada vez mais próximas – tanto nas produções em filme e vídeo, como na vibe mesmo. Esse crossover fluido ficou evidente durante o evento.

Outro ponto alto do MIMPI foram as palestras, discussões e conversas que aconteceram todos os dias – mais do que apenas exibir filmes, o festival ganha importância ao promover esses encontros que são valiosas trocas de ideias e pontos de vista. Foi incrível ver a união da nova safra de videomakers brasileiros genuinamente felizes com um espaço que os valoriza.

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O início da temporada havaiana 16/17 já teve um pouco de tudo. Uma tempestade de ondas pesadas. Calmaria. Condições mais maleáveis. Personagens mitológicos performando manobras de pressão. O poder do ser humano em sincronia com a força das massas d’água. A engrenagem perfeita roda no North Shore, conectada a toneladas de açaí e tigelas de poke.

Com Filipe Toledo, Deivid Silva, Miguel Pupo, John John Florence, Yago Dora, Eduardo Motta, Ítalo Ferreira, Kelly Slater, Jordy Smith, Marco Giorgi, Kiron Jabour; Pipeline, Backdoor, Rocky Point, Haleiwa, Off-The-Wall.

Fotos de Henrique Pinguim, Ryan Miller e Pedro Gomes.

 

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