Alex Ribeiro passa por Jadson André e vence em Newcastle. É a segunda final 100% brasileira do ano em duas etapas de 6 mil pontos do QS disputadas
Por Fernando Guimarães
Alex Ribeiro acaba de vencer o Burton Automotive Pro, etapa de 6 mil pontos do QS em boas ondas de até um metro e pouco vento na praia de Merewether, Newcastle, Austrália. Ao sair da água, alguns amigos o esperam para a tradicional cadeirinha até o pódio. Um deles é Jadson André, seu rival de poucos minutos atrás na grande final e vice-campeão do evento. A cena ilustra o atual momento do surf brasileiro no circuito masculino da WSL: domínio dentro da água e camaradagem fora dela.
Pode parecer cansativo ficar levantando a bola do surf brasileiro nas competições — pelo menos entre homens — toda hora. Mas simplesmente não há outro jeito. É a segunda etapa 6 mil disputada em 2018 e a segunda com final entre surfistas brasileiros – na primeira, Jadson foi o campeão em cima de Yago Dora, em uma decisão meio polêmica no Oi Hang Loose Pro, em Fernando de Noronha.
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Na Austrália, não houve muito espaço para polêmica, já que a dupla de brasileiros que havia chegado até as quartas de final emplacou uma série de apresentações arrebatadoras rumo à final verde e amarela.
Na segunda bateria do dia, Jadson passou dos 14 pontos com sua última onda para vencer Tanner Gudauskas sem margem de dúvida. Ele se qualificava para enfrentar na semi o australiano Jack Robinson.
Jadson tinha a maior soma do dia até a última bateria das quartas, quando Alex se tornou o segundo surfista do domingo a passar dos 14 pontos. Na verdade, ele fez a mala do francês Charly Quivront com 16, cravados.
Leo Fioravanti deslocou o ombro direito logo no início de sua bateria com Matt Banting e deixou a competição. Assim configurava-se uma semifinal com dois confrontos Brasil vs. Austrália.
O sonho de Jack Robinson de fazer uma final em solo australiano foi atropelado e destruído por Jadson André. Muito bem encaixado nas valas de até um metro que quebravam no vento suave de Merewether Beach, Jadson já tinha vencido a bateria após surfar a terceira onda (teria 14,43 pontos). Mas potiguar não tirou o pé do acelerador, trocando nota atrás de nota até arrancar 8,10 e 9,33 em suas duas melhores. Descartou três ondas na casa dos sete pontos contra um rival que somou 12,07.
Na outra semi, Banting deu mais trabalho a Alex. Os dois passaram dos oito pontos na melhor onda mas o surf do paulista, mais radical e veloz, garantiu o melhor back-up e a vaga na final.
Jadson até que tentou, mas não conseguiu repetir decolagens como as que o haviam levado até ali. Alex, ao contrário, continuou em ritmo implacável, exibindo a mesma excelente forma que demonstrou durante todo o evento — muito veloz e agressivo. Alex era pura alegria após a final:
— Venho trabalhando duro de verdade desde o ano passado para voltar ao topo, então essa vitória é especial. Fico muito feliz por vencer o Jadson, ele está surfando demais e vencê-lo seria algo muito difícil. Quero voltar ao CT e esse resultado vai me ajudar demais disse o vencedor.
Jadson, também feliz com o desempenho, revelou uma curiosa visão:
— Tentei me imaginar vencendo esse campeonato a semana inteira, mas por alguma razão eu só conseguia me ver chegando em segundo, o que é muito estranho. Fico feliz pela vitória do Alex, ele é um grande surfista e merece voltar ao CT. Foi uma ótima semana aqui e foi muito bom poder ter boas ondas na final.
Jadson lidera o ranking do QS já com mais de 10 mil pontos. Alex Ribeiro entra no top 10 com a vitória e ganha um forte impulso para seu retorno à elite. Ainda é cedo para falar em classificação final no ranking de acesso, mas o caminho tanto para a subida de Alex à elite como para a manutenção de Jadson já está traçado.