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Mick Fanning toca o sino pela terceira vez em Bells Beach. Foto: ASP/Kirstin
Por Felipe Fernandes
O aussie Mick Fanning fechou com chave de ouro a perna australiana e tocou o sino da terceira e mais tradicional etapa da ASP World Tour, o Rip Curl Pro Bells. O atual campeão mundial venceu o compatriota Taj Burrow na bateria final e levou a torcida ao delírio na lendária praia de Bells Beach, vitória que o colocou na terceira posição do ranking geral. O brasileiro Gabriel Medina, derrotado por Adriano de Souza no round 5, no conjunto de resultados manteve a liderança na corrida para o tão sonhado título, e agora vem para a etapa do Brasil com energia redobrada.
Também nesta quarta-feira de ondas menores, a havaiana bicampeã mundial Carissa Moore repetiu o feito de 2013 e foi coroada campeã depois de derrotar as top seeds do Tour, vencendo a australiana Tyler Wright na final. Com a vitória, Carissa fica isolada na liderança do ranking feminino, deixando Steph Gilmore na segunda posição.
PRIMEIRO AS DAMAS
O dia começou com as disputas femininas na bancada de Rincon. A semifinal estava formada pelo pelotão de frente do ranking e Carissa carimbou o passaporte para a decisão com uma vitória apertada sobre a australiana Sally Fitzgibbons. Em seguida, Tyler Wright deu uma lavada na anfitriã e queridinha da torcida, Stephanie Gilmore, que precisava avançar para manter-se no topo do ranking.
Após o Round 5 masculino, a final feminina foi para a água em outro pico, na bancada chamada The Bowl. Com manobras fortes e visivelmente empenhadas, Carissa e Tyler abriram bem a bateria, ambas com notas 7.50. Enquanto a irmã do Top Owen Wright foi recompensada com 8.27 na sua terceira onda, Carissa surfou uma boa onda com batidas e rasgadas fortes para descolar 8.73, nota que selou a sua segunda vitória consecutiva em Bells Beach.
A havaiana manteve a liderança do ranking com 26.500 pontos. E agora é seguida pela cinco vezes campeã mundial, Steph Gilmore, que está com 23.000. A australiana Tyler Wright, vice-campeã da etapa, vem em terceiro com 21.200 pontos.
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Carissa vence pelo segundo ano seguido o Rip Curl Pro e assume a ponta do ranking da ASP World Tour. Foto: ASP/Kirstin
MEDINA VS. MINEIRO
Entre os homens, o dia começou com uma das maiores rivalidades do Tour, Adriano de Souza e Gabriel Medina se enfrentaram na primeira bateria do Round 5, na disputa brasileira em Bells que ‘Mineiro’ mais uma vez levou a melhor.
Mineiro foi inteligente e usou a experiência para vencer. Começou no inside remando forte, quase na bancada de Rincon, e abriu com 6.17 e 7.70. Medina, só acordou quando já estava em combinação, e tirou 7 na primeira onda. Mas viu Mineiro aumentar a vantagem com 8.50, para não dar chances ao adversário. Com séries escassas, Medina não encontrou outra onda com potencial e acabou eliminado.
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Mineiro vence Medina mas não leva o bi em Bells, e deixa a Austrália na sexta colocação do ranking. Foto: ASP/Kirstin
MEDINA LÍDER DO RANKING
Mesmo com a derrota, tudo conspirou a favor de Medina no transcorrer do campeonato, com Joel Parkinson e Kelly Slater eliminados antes das semifinais. Com a combinação de resultados pouco prováveis, o local da praia de Maresias manteve-se na ponta do ranking, e agora vem para o Brasil muito mais motivado para vencer o Billabong Rio Pro, que será realizado na praia da Barra da Tijuca.
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Medina conta com ajuda dos adversários para manter-se na liderança do ranking. Foto: ASP/Cestari
RESULTADO POLÊMICO
Ainda na quinta fase, o confronto entre o sul-africano Jordy Smith e o australiano Julian Wilson deu o que falar. Jordy começou a disputa com 7.33, mas Julian reagiu com 8.17 e 9.13 pontos. No último minuto, precisando de 9.97, Jordy abriu um belo arco na primeira manobra, emendou uma rabetada e trabalhou com precisão a onda até o inside, finalizando com um aéreo que resultou em aplausos na praia.
Jordy recebeu três notas 10, mas dois juízes, entre eles um sul-africano, avaliaram a onda como 9.80 e 9.70. Com a eliminação das notas maior (10) e menor (9.70), Jordy ficou com a média em 9.93 e a eliminação. Smith, já fora d’água ao subir as escadas de Bells, deu um sorriso irônico e um balançar de cabeça deixando transparecer descontentamento com o julgamento. A própria transmissão da ASP repetiu por várias vezes a imagem da onda surfada por Jordy, quase como uma tentativa de justificar as notas da bateria.
QUARTAS DE FINAL
As quartas de final começou com o australiano Taj Burrow despachando Adriano de Souza, último brasileiro na prova. Taj abusou da vivência de 16 anos do Tour e manteve a vantagem do início ao fim da bateria dando sua contribuição ao líder Medina, já que Mineiro também está bem posicionado no ranking com o sexto posto.
Depois foi a vez de John John Florence tirar Kelly Slater da prova. Surpreendentemente, uma das baterias mais aguardadas do dia foi morna, ou melhor, fria. Tanto Kelly quanto John John caíram muito, sem ajuda de uma boa formação das ondas. Precisando de 4.27, John John remou em uma saideira e tomou a liderança do Careca nos segundo finais da disputa com 6.30.
Ainda nessa rodada, Medina dependia de uma vitória do australiano Julian Wilson sobre o vice-líder Joel Parkinson. E foi isso que aconteceu. Wilson não desperdiçou as oportunidades e, com ótimos arcos e boas finalizações, fez a mala do compatriota Parko. Esse resultado assegurou a permanência do brasileiro na ponta do ranking após a perna australiana, fato inédito na história do WCT.
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Séries mais constantes e ondas mais fortes quebravam em Winkipop para as baterias finais. Foto: ASP/Kirstin
SEMIFINAL DOS DESESPERADOS
Os quatro semifinalistas precisavam de um bom resultado após um início de temporada fraco. As séries demoradas da maré alta forçaram a direção de prova a mudar o palco das disputas para Winkipop, a onda mais forte e cavada que fica mais para o canto direito de Bells. A decisão foi tomada quando acabou o confronto entre o atual campeão mundial Mick Fanning e o também australiano Owen Wright, bateria que ganhou dez minutos a mais depois que os surfistas ficaram literalmente boiando no outside, com vitória de Fanning nos instantes derradeiros.
Na abertura das semis, Taj Burrow abriu com vitória sobre John John pelo placar de 14.43 contra 13.43 do havaiano, e cravou uma final australiana em Bells. No embate seguinte, o atual campeão mundial Mick Fanning fez bonito e entrou em cena novamente. Travou um duelo quente com muitas ondas surfadas contra Julian Wilson e terminou na frente por uma pequena diferença – 18.20 contra 17.36 de Wilson.
FINAL AUSTRALIANA
A final reuniu dois amigos de infância, Mick Fanning e Taj Burrow, mas as gentilezas ficaram para o pódio. Com estilos contrastantes os veteranos destruíram o lip, mas também cometeram erros cruciais. Mick começou forte com 8.83 e conseguiu um backup com outra nota 8. Taj respondeu 9.63, mas caiu muito e acabou derrotado sem conseguir outra nota a altura, mostrando certo nervosismo nas horas decisivas. Mick tocou o sino pela terceira vez (2001, 2012, e 2014) e voltou a brigar pela liderança do ranking, pulando de décima primeira posição para terceiro.
"Depois do 13º lugar em Margaret River, fui para casa e trabalhei muito duro. Estou tão contente que o trabalho valeu a pena. Surfamos em The Bowl, Rincon e para terminar em Winkipop. Sempre foi o meu sonho surfar uma bateria em Winkipop", contou o tricampeão da prova após a vitória, que balançou o desejado Sino de Bells.
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Depois de dois resultados ruins, o atual campeão mundial Mick Fanning reencontra o caminho da vitória em Bells. Foto: ASP/Cestari
Agora a briga continua no Rio de Janeiro, no Billabong Rio Pro, entre os dias 7 e 18 de maio, na quarta das onze etapas da temporada 2014 da ASP World Tour.
Final
Mick Fanning (AUS) 16.83 x 13.46 Taj Burrow (AUS)
Semifinal
1 Taj Burrow (AUS) 14.43 x 13.43 John John Florence (HAW)
2 Mick Fanning (AUS) 18.20 x 17.36 Julian Wilson (AUS)
Quartas de final
1 Taj Burrow (AUS) 15.50 x 13.16 Adriano de Souza (BRA)
2 John John Florence (HAW) 13.13 x 11.10 Kelly Slater (EUA)
3 Julian Wilson (AUS) 17.53 x 15.34 Joel Parkinson (AUS)
4 Mick Fanning (AUS) 13.16 x 11.37 Owen Wright (AUS)
Ranking World Championship Tour
1 Gabriel Medina (BRA) – 19.200
2 Joel Parkinson (AUS) 18.400
3 Mick Fanning (AUS) 16.950
4 Kelly Slater (EUA) 16.900
5 Taj Burrow (AUS) 16.250
6 Adriano de Souza (BRA) 15.700
7 Josh Kerr (AUS) 13.750
8 Michel Bourez (TAH) 12.250
9 Nat Young (EUA) 10.950
9 Miguel Pupo (BRA) 10.950
19 Filipe Toledo (BRA) 6.250
21 Jadson André (BRA) 4.000
33 Alejo Muniz (BRA) 1.500
33 Raoni Monteiro (BRA) 1.500
