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sábado, 16 março, 2024
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Jurado de morte no Hawaii?

Junto com a temporada havaiana chegam as rusgas entre havaianos e gringos. O despertar do ódio dos locais incomodados com a invasão estrangeira pode gerar vítimas – ou heróis. O paranaense Peterson Rosa, que nunca foi de levar desaforo pra casa, conta como foi a situação que viveu na ilha e nos ajuda a saber o que fazer depois de ouvir os primeiro gritos de “Fucking haole! Fucking haole!”.

Depois de ser rabeado por Kalani Chapman algumas vezes em Rocky Point, Peterson Rosa reclamou e escutou algumas palavras doces do havaiano, que é, nada mais, nada menos, que irmão de Shaun Briley – o local que mais parece um touro em formato de gente. Bom brasileiro que é, Bronco levantou a cabeça e foi tirar satisfação. “Falei que eu era haole mesmo, aí ele começou a jogar água na minha cara. Fiz a mesma coisa e nós acabamos caindo da prancha, então foi aí que eu dei três socos na cara dele”.

A briga faz parte da cultura dos surfistas havaianos, somada ao forte localismo – tanto de praia para praia, quanto com relação aos estrangeiros. No final dos anos 1970, surfistas australianos, como “Rabbit” Bartholomew, chegaram ao Hawaii e foram alguns que sucumbiram ao violento localismo. Entre os brazucas, não foi apenas Peterson que caiu na rede do North Shore. Almir e Picuruta Salazar também tiveram seus contratempos nos idos dos anos 1980. Em 2007 foi a vez de Neco Padaratz, que trocou socos com Sunny Garcia e só parou quando a polícia interveio e escoltou o catarinense para fora da praia. Dois anos depois, Dustin Barca, que recentemente abandonou o surf de competição para se tornar lutador de MMA, trocou “carícias” com Adriano de Souza no Tahiti e o ameaçou em terras havaianas. Não deu outra: Mineiro passou a andar escoltado por seguranças durante sua estadia na ilha.

Com Bronco foi diferente: olho por olho, dente por dente. Após a briga com Kalani, o paranaense não conseguiu se esconder e foi encontrado pelo maior cascagrossa da ilha: Edward Rothman , o Fast Eddie, fundador da Da Hui e um dos cabeças do movimento Black Trunks – a maior gangue do North Shore. Eddie intimou Peterson a comparecer ao tribunal havaiano, onde os locais mais respeitados se reúnem com as partes envolvidas e decidem como o impasse seria resolvido.

Bronco se orgulha: “Cheguei lá e tinham 50 caras me esperando. Botaram o Mainoa Farrat pra brigar comigo, já que ele era da minha altura. Fizeram um ringue na casa do cara e tudo. Aí decidi apanhar dele, até porque me lembrava de um baiano, capoeirista, que arrebentou um local após o outro, até que foi enquadrado por uma galera e aí já viu… Depois disso, corri a minha bateria do PipeMasters contra o Luke Egan, australiano, e o Bruce Irons, havaianos, e ganhei dos dois. Bati no peito e mostrei que brasileiro não é igual a francês ou espanhol. Brasileiro é muito guerreiro, não abaixa a cabeça.

Depois de se apresentar ao tribunal e dar a cara à tapa, Bronco ganhou o respeito local. No ano seguinte, Kala Alexander, um dos locais mais briguentos e que também tomou as dores de Kalani Chapman, encontrou com o paranaense e comprovou que tudo estava esquecido: “Seja bem vindo ao Hawaii e não faça nada de errado”.

Resumindo

1 Para evitar uma surra, é bom chegar sem estardalhaço, manter a praia limpa e não rabear ou lavar alguém.

2 Se for rabeado, não reclame nem encare o local. O havaiano está sedento por ondas após meses de escassez e não quer saber de caprichos estrangeiros.

3 Se o bicho pegar, não corra. Dê a cara a tapa que, apesar das escoriações, você será respeitado.

4 Ir acompanhado de amigos pode evitar uma briga, já que os havaianos geralmente brigam apenas no mano-a-mano ou quando estão em vantagem.

5 Vá em fevereiro, depois da temporada. Os profissionais já estarão na Austrália e os locais de Maui, Kauai, e outras ilhas, já terão ido embora.

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