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quinta-feira, 14 março, 2024
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Entenda as previsões de ondas

Texto Kevin Damasio

Qualquer surfista que se preza confere a previsão constantemente para estar a par de quando as ondas vão chegar.

Para muita gente, um bom tamanho de swell e direção favorável, são as únicas informações necessárias para garantir uma boa queda, porém, não é tão simples assim.

A análise varia conforme as características do pico e abrange outros dados essenciais para garantir que as condições estejam épicas.

Para entender melhor as previsões, conversamos com os especialistas Gabriel Gomes Jr., sócio do site Surf Guru, e José Luiz Romeo, editor do Liquid Dreams.

Na foto acima, Itamambuca, com swell de sudeste de 5 pés, 11 segundos de período e vento sudoeste (terral) de 11 nós. Foto: Tony Fleury

Confira a seguir detalhes preciosos sobre como analisar as previsões de ondas:

Período

Definido como intervalo de tempo entre duas ondas consecutivas da série, é uma das variáveis mais importantes da previsão de ondas, já que indica, entre outros aspectos, a velocidade e o tamanho da onda.

No Brasil, os swells mais frequentes têm de 8 a 11 segundos de período. De acordo com Gabriel, “as ondulações de período curto, ou seja, de 7 ou 8 segundos, não têm formação muito boa e não proporcionam séries com muitas ondas.

À medida que o período aumenta, as ondas tendem a se alinhar mais e formar boas séries”. Porém, o mar não é uma ciência exata, como se sabe, e os “períodos mais altos também aumentam as chances de ‘fechadeiras’. Sendo assim, não se pode traçar um paralelo direto entre período e qualidade”, afirma José Luiz.

Direção

O swell surge de tempestades que acontecem no oceano e que podem gerar ondulações em várias direções.

“Logo que você abre um gráfico de previsão vai ver a altura total, que é a soma de todas as ondulações que estão chegando naquele ponto.

Mas, para ter mais precisão em relação a um determinado pico, é necessário observar em que direção a ondulação vai atingir a costa”, orienta Gabriel.

“A direção de um swell varia de acordo com o vento na área da tempestade e a localização e o relevo submarino de cada praia”, explica José Luiz, que ainda diz que “cada pico possui uma janela de abertura específica – limitada pelos contornos do continente, ilhas e barreiras de corais –, que são as possíveis direções de ondulação capazes de gerar boas ondas. De maneira geral, a direção preferencial de um pico é aquela que vem de frente”.

Vento

O editor do Liquid Dreams explica que “na praia, o melhor vento para o surf é o terral de fraca a moderada intensidade, em torno de 5 a 10 nós, porque esculpe melhor as ondas, de forma que a parede demora mais tempo para quebrar e, em alguns casos, dá o tempero para deixá-las tubulares”.

Já o vento maral tende a deixar o mar mexido e faz as ondas quebrarem irregularmente, além de poder aumentar a correnteza. Se o vento maral tiver influência lateral, “facilita os aéreos, porque dá a sustentação aerodinâmica que ajuda a decolar”, completa.

Maré

Segundo José Luiz, “de maneira geral, os momentos com um pouco mais de intensidade de ondas ocorrem nas trocas de maré, ou seja, na enchente e na vazante.

Mas isso varia de pico para pico, então, mais uma vez, o melhor a fazer é observar e experimentar diferentes momentos das marés para chegar à uma conclusão mais precisa”.

Gabriel informa que “a maré alta deixa mais água sobre a plataforma continental, então a enchente da maré tende a trazer ondulações com mais energia”.

Bloqueios

“Digamos que exista uma ilha na frente da sua praia ou uma ponta de terra em um dos lados. Quando a ondulação chega do alto-mar, a faixa de terra vai barrá-la, diminuindo seu tamanho”, diz Gabriel.

Mas, segundo José Luiz, “quanto maior o período, maiores as chances das ondas chegarem ao seu pico em função do processo de refração – que é a tendência da onda de se adaptar ao fundo do oceano, mudar sua trajetória e seguir em direção à praia”.

Pressão

Segundo Gabriel, “no Brasil, existe uma recorrente área de alta pressão no litoral das regiões Sul e Sudeste chamada de Alta Pressão do Atlântico Sul”.

Essa área bloqueia os ventos fortes e ondulações que vêm do alto-mar, deixando a praia uma “lagoa”. Do Espírito Santo ao Nordeste, segundo o sócio do Surf Guru, este é um fator positivo para a ondulação.

Já os centros de baixa pressão sobre o continente geram tempestades no oceano, proporcionando ondulações nas costas Sul e Sudeste.

Resumindo, na maioria das vezes, quando há um centro de alta pressão sobre o continente, há mais ondulações na região Nordeste. Quando há um centro de baixa pressão sobre o continente, as melhores ondas estão no Sul e Sudeste.

ONDULAÇÕES NA COSTA BRASILEIRA

Saiba quais são as condições ideais em cinco picos diferentes no Brasil:

Cacimba do Padre, Fernando de Noronha
– Fundo: areia e pedra
– Janela do swell: nordeste a noroeste
– Melhor direção: noroeste
– Vento terral: leste a sudoeste

Tiririca, Itacaré
– Fundo: areia
– Janela do swell: nordeste a sudeste
– Melhor direção: leste
– Vento terral: sudoeste a noroeste

Arpoador, Rio de Janeiro
– Fundo: areia e pedra
– Janela do swell: sudeste a sudoeste
– Melhor direção: sul
– Vento terral: noroeste a leste

Maresias, São Paulo
– Fundo: areia
– Janela do swell: sudeste a sudoeste
– Melhor direção: sul
– Vento terral: noroeste a leste

Joaquina, Florianópolis
– Fundo: areia
– Janela do swell: leste a sul
– Melhor direção: sudeste
– Vento terral: oeste a norte

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