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sexta-feira, 19 abril, 2024
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TITANZINHO NA TELA

Por Matias Lovro As diferenças da realidade do casal ficaram claras quando a francesa visitou pela primeira vez a casa de André. Lee Ann viajou para Fortaleza com o simples intuito de conhecer a família do namorado. Porém, ao presenciar a dura realidade de uma favela brasileira, ficou impressionada. Crianças órfãs, pais presos, crime, drogas, prostituição. Jovens vendo o surf como única alternativa a uma vida indesejável – e nomes como Pablo Paulino, Tita Tavares, Fábio Silva e o próprio André servindo de exemplo. Durante uma sessão de surf, André e Lee Ann tiveram, coincidentemente, a mesma ideia – produzir um documentário para tentar ajudar a comunidade. “Pensei que poderia conseguir um patrocínio, para dar uma força. Para a gente é mais fácil, porque estamos sempre viajando e já conhecemos as marcas,” conta o cearense. O plano estava de pé, mas Lee Ann partiria para a França em apenas dois dias. Os dois assistiram ao show do artista Manu Chao na Praia do Futuro, ao lado do Titanzinho, e, no dia seguinte, André levou a namorada ao aeroporto. Após deixá-la, retornou à comunidade e passou o resto do dia filmando. Foram as primeiras imagens do documentário Titan Kids. Em seguida, na França, editaram o primeiro trailer do filme juntos. Mostraram-no a um conhecido da mãe de Lee Ann. Além de ter trabalhado com cinema – fornecendo ao casal equipamento para a filmagem – ele era um bom amigo da banda Manu Chao. Semanas após começarem o projeto e assistirem juntos ao show do artista no Brasil, André e Lee Ann tinham os direitos para usar qualquer uma de suas músicas no documentário. Em janeiro, os dois retornaram ao Ceará antes de ir para o campeonato de Fernando de Noronha. Finalizaram as filmagens e entrevistas e Lee Ann editou, sozinha, a versão final. Segundo André, surf é apenas o contexto do projeto. “Na verdade, acho que tem pouco surf. Tem mais a história e o dia a dia das pessoas de lá. As dificuldades e sonhos da molecada. E ele foi feito pensando na nova geração do Titanzinho, focamos mais nos jovens e nas crianças”. Mais tarde, Lee Ann realizou uma mostra do filme em Biarritz. Ou melhor, duas seguidas, na mesma noite, de tanta gente que havia querendo assistir. Antes de lançar o filme oficialmente, entretanto, o casal está tentando fechar uma parceria com algum canal de TV. Além disso, os dois fundaram uma ONG, a Surfing Hope. A ideia surgiu a partir do documentário. “A Quiksilver também forneceu um pequeno orçamento para criarmos uma escolinha de surf e ajudarmos as crianças a viajar,” revela André. “A ONG não ajudará apenas o Titanzinho, mas também outras favelas que estão próximas do surf. Apesar de vermos que ajudar é mais complicado do que parece, o resultado dá muita satisfação,” continua. Retribuir para a comunidade que o criou é especialmente gratificante para André que, com 13 anos, começou a surfar nas ondas do Titanzinho. Por sempre ter contado com apoio da família e dos amigos, a devolver ao lugar se instalou cedo na cabeça do surfista. “Eu tinha esse sentimento de querer retribuir, mas, durante anos, não via como. As coisas foram mudando durante os anos. O crack chegou na favela – na minha época não tinha – o que chocou muito. Vi vários amigos se envolvendo. Quando comentei com a Lee Ann e ela se animou para fazer o documentário, vimos uma luz. Eu sabia que era a hora de retribuir,” conta. “Não dá para salvar todo mundo, mas podemos dar um incentivo a um ou outro que quiserem de se dar bem no esporte e na vida. A oportunidade existe,” continua André. A matéria na íntegra você pode ler na HARDCORE de abril. Teaser Titan Kids Para saber mais do documentário acesse titankids.tv

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